Crítica: Maria Luisa Mendonça rouba cena em clássico
Premiado em São Paulo, "Um Bonde Chamado Desejo" é boa pedida, mas perde força no palco do Teatro XP
Um Bonde Chamado Desejo. Não foi por acaso que Maria Luisa Mendonça levou os principais prêmios paulistas durante os dois anos em que esteve em cartaz com a montagem. Na pele da icônica Blanche DuBois, a atriz mostra completo domínio de cena e rouba o espetáculo para si. Com tradução e direção de Rafael Gomes, o texto do dramaturgo americano Tennessee Williams (1911-1983) é transformado em uma peça que comprova a atualidade do clássico escrito em 1947. Personagem central, Maria Luisa representa uma burguesia decadente que se apega ao passado e enlouquece diante da ilusão criada por ela mesma. Obrigada a morar de favor na casa da irmã (Virgínia Buckowski), Blanche entra em um embate visceral com o cunhado (vivido por um morno Eduardo Moscovis), que decide investigar seu passado. Impecável, a trilha sonora reforça o caráter atemporal da história, com músicas de Amy Winehouse e Beirut. A grande perda na temporada carioca foi o cenário de André Cortez — montado para um teatro de arena, ele é pouco aproveitado no Teatro XP. Vale a dica: é bom garantir um lugar nas primeiras fileiras já que a visão do palco fica prejudicada (110min). 14 anos. Teatro XP Investimentos. Avenida Bartolomeu Mitre, 1314, Leblon. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 80,00. Até o dia 26.