Aulas de sereísmo e fotos com cauda de sereia viram mania
Meninas (e mulheres) querem se tornar sereia pelo menos por um dia, com direito a barbatana
Um grupo de sereias de barbatanas coloridas foi flagrado, há poucos dias, divertindo-se na piscina do Sheraton Barra — e não era um fenômeno isolado, pois o evento vem se repetindo em vários pontos do litoral. Longe de ser uma história de pescador, a bizarra formação de seres anfíbios virou a nova mania deste fim de verão. A explicação é simples e ao mesmo tempo surpreendente: algumas das aparições são responsabilidade da professora de mergulho em apneia Thais Picchi, certificada pela International Mermaid Swimming Instructors Association, da Alemanha, que viaja o Brasil inteiro dando workshops a meninas que sonham em nadar como o personagem mítico — nem que seja por um dia. Sua mais recente parada foi no hotel da Zona Oeste. “O curso, além de leve e divertido, trabalha a autoestima. Todas as alunas querem ser lindas e poderosas como esses seres mitológicos”, diz a instrutora, que cobra 300 reais por pessoa. Outra mestre em sereísmo (o nome carioca para a prática inspirada no estilo de vida de Ariel, do filme da Disney), Luciane Ribeiro, também conhecida como Sereia Kunoichi, dá aulas em sua casa, no Itanhangá. As meninas — e muitas moças já bem crescidinhas — aprendem técnicas de respiração, além de ganhar ginga com a cauda embaixo d’água. Tudo isso seguindo moldes de escolas profissionais em países como Canadá, Estados Unidos, Holanda e Filipinas (sim, a moda vem de fora). “Ensino, por exemplo, a fazer bolhas em forma de anéis ou de coração”, diz Kunoichi.
Desde que A Pequena Sereia foi lançado nos cinemas, há duas décadas, o mundo submarino passou a mesmerizar crianças de todas as idades e de sucessivas gerações. O fenômeno atual é recente e ganhou impulso planetário com a internet. Hoje existem milhares de vídeos disponíveis no YouTube que ensinam a confeccionar caudas e acessórios e a fazer maquiagens com cores inspiradas na vida marinha. No Instagram, perfis de celebridades exibem fotos sobre o tema, com as protagonistas mergulhando no mar de Angra ou na piscina de casa. O da modelo Yasmin Brunet, que já declarou acreditar piamente nos seres do fundo do mar, é um deles. A brincadeira só deve ganhar mais força com a próxima novela das 9, À Flor da Pele, em que a atriz Ísis Valverde encarnará uma mocinha meio humana, meio peixe. Antenado com a tendência (e com os lucros que advêm dela), o fotógrafo Ulysses Padilha passou a oferecer ensaios temáticos, que custam a partir de 490 reais. Ele mesmo leva as caudas, para que a cliente escolha entre dez modelos. “Já retratei mães e filhas, amigas, gestantes, adolescentes, gordinhas e magrinhas. Todas querem surpreender nas redes sociais”, diz Padilha.
No mundo da moda, a onda do sereísmo anda de mãos dadas com o movimento seapunk, que combina uma pegada mais moderna com temas marinhos. Cabelos coloridos, óculos espelhados, estampas de golfinho, enfeites de cabelo e gargantilhas são alguns dos itens obrigatórios no visual dessa turma, que logo foi parar nas passarelas. Uma das últimas coleções de primavera-verão da Chanel, por exemplo, apostou em pérolas, conchas e estampas que remetem a escamas de peixe. E não são apenas as grandes marcas que estão investindo nas sereias, mas também empreendedores de olho nos modismos sazonais. A estudante Thuane Lisboa, de 19 anos, montou uma loja virtual de acessórios que fatura 3 000 reais por mês com a venda de coroas, tiaras e outras bugigangas a quem quer se sentir uma princesa oceânica. Pelo menos até o fim do verão, o mar segue convidativo para as beldades do mar.