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Encontro com Alok e líderes indígenas debate urgência de demarcar terras

Painel no Rio2C, evento de inovação realizado na Cidade das Artes, na Barra, exibiu trechos inéditos do documentário gravado pelo DJ com Celia Xakriabá

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 abr 2022, 18h12 - Publicado em 29 abr 2022, 17h35
Celia Xakriabá, Alok e cacique Mapu Huni Kuî sentados em um auditório durante um painel no Rio2C. Atrás deles, está projetada a frase: Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar, nome do painel
Rio2C: painel reuniu Celia Xakriabá, Alok e cacique Mapu Huni Kuî - (André Valentim/Divulgação)
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Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar’, alertou, sob aplausos, Celia Xakriabá, no final do encontro que foi batizado com este mesmo nome e reuniu a líder indígena, o cacique Mapu Huni Kuî e o produtor musical e DJ Alok, mediado por Marcos Nisti, da Maria Farinha Filmes. A urgência em compreender o passado, as tradições e a sabedoria dos povos originários norteou todo o painel, que integrou a programação do Rio2C, o maior evento de inovação e criatividade da América Latina, realizado entre os dias 26 de abril e 1º de maio na Cidade das Artes, na Barra.

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O quarteto exibiu, pela primeira vez, trechos do documentário produzido a partir do encontro musical entre Alok, Célia e outras lideranças indígenas, de povos como Yawanawa, Kariri-Xocó, Huni Kuin e Guarani. A experiência foi compartilhada com o público, que soube dos detalhes que cercaram as gravações, realizadas ao longo de 45 dias, entre rituais, processos criativos e apresentações. Roteirista do documentário, Célia aponta para a necessidade de indigenizar o pensamento:

“Às vezes, me perguntam onde está a intelectualidade da mulher indígena. Nós escrevemos não somente com as mãos, nosso roteiro foi escrito com o coração, com jenipapo, com urucum, com a força da terra, que é o mais importante. Não podemos mais conhecer o Brasil sem conhecer o Brasil indígena. Antes de tudo tem o Brasil da mata, o Brasil nasce das mulheres indígenas”, disse, emocionada, durante o debate, que foi iniciado com uma apresentação musical de Mapu.

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“Música para nós é concentração e equilíbrio, é cura. Nossa música é reza, nossos cânticos vem dos pássaros, é a mensagem da floresta que traz a cura e terapia espiritual para nosso povo”, disse o cacique, cuja fala foi reiterada por Alok, que afirmava ter recorrido diversas vezes durante a pandemia para a música dos povos originários.

A relação do músico com a causa não é recente. Sua busca pela herança dos povos indígenas deu origem a seu primeiro álbum autoral, O Futuro é Ancestral, e também foi um dos motivos para a fundação do Instituto Alok. Neste trabalho, ele gravou 130 músicas tradicionais indígenas, em uma forma de preservar a tradição.

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“Eu digo que este trabalho não é meu e não pode ser meu. Eu sou apenas um instrumento para as vozes indígenas. Eu sempre vou participar se eu puder ecoar as vozes indígenas o mais longe que for possível”, conta Alok, que participou de diversos rituais de ayahuasca ao longo de todo o processo, ponto definidor para a criação do projeto. Nos últimos meses, ele participou também de diversos atos em defesa da Demarcação de Terras Indígenas, defendido intensamente por Célia e Mapu.

“Todos os territórios que temos demarcados hoje foram demarcados após a morte de uma liderança indígena. Somos 5% da população do mundo e defendemos 83% dos biomas do mundo. Sem demarcação dos territórios indígenas, não vai dar para barrar e romper essas mudanças climáticas. Não vai existir a cura do corpo se não existir a cura da terra”, alertou Célia, que foi aplaudida de pé após o encontro. 

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O Rio2C segue com outros painéis que debatem a diversidade até o próximo dia 1º de maio. A grade completa do evento está disponível no site: https://www.rio2c.com/programacao.

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