Versão luxuosa de A Bela e a Fera não convence
Com time de astros franceses, o filme dirigido por Christophe Gans peca pela falta de magia
Seria injusto comparar qualquer nova adaptação do conto de fadas A Bela e a Fera ao desenho da Disney, indicado ao Oscar de melhor filme em 1992, ou ao clássico assinado por Jean Cocteau em 1946. A concorrência imbatível, no entanto, não intimidou o diretor Christophe Gans, conhecido pela fantasia sombria O Pacto dos Lobos, de 2001. Sua versão grandiloquente e luxuosa exibe cada centavo gasto em direção de arte, efeitos especiais e figurino. Tecnicamente, é de um preciosismo irretocável. Só economiza num “detalhe”: a magia. Os personagens, embora familiares ao público e interpretados por astros do cinema francês, são sufocados por camadas de firulas visuais. O roteiro busca um equilíbrio entre romance e aventura, sem aprofundar a história de amor entre a inocente heroína (Léa Seydoux, de Azul É a Cor Mais Quente) e o príncipe monstruoso vivido por Vincent Cassel. Para quitar uma dívida do pai, cujo pecado foi roubar uma rosa do jardim da Fera, a Bela se oferece para viver sob o domínio da criatura, refugiada num castelo na floresta. Nos primeiros encontros, ela só consegue sentir asco e vontade de fugir. Aos poucos, no entanto, aproxima-se dele ao descobrir mais sobre seu passado infeliz.✪✪ A Bela e a Fera, de Christophe Gans (La Belle et la Bête, França/Alemanha, 2014, 112min). 12 anos. Estreou em 25/9/2014.