Dois e dois são cinco
Absurdo, da Cia Atores de Laura, tem na trama quatro cônjuges e um estranho filho
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Cunhado nos anos 60 pelo crítico austríaco Martin Esslin, o termo “teatro do absurdo” referia-se ao trabalho de determinados dramaturgos europeus que subvertiam a lógica das tramas, dos personagens e dos diálogos. Referência no gênero, o romeno Eugène Ionesco (1909-1994) é uma das principais inspirações de Absurdo, comédia da Cia Atores de Laura,com direção de Daniel Herz, em cartaz no Teatro Ipanema.
Para desenvolver o tema da incomunicabilidade, a companhia criou em conjunto um texto repleto de situações que ultrapassam, e muito, as convenções do bom-senso. Toda a ação se passa em uma sala de estar, concebida por Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque e muito bem iluminada por Aurélio de Simoni. Nela estão dois maridos (Márcio Fonseca e Luiz André Alvim), duas esposas (Ana Paula Secco e Verônica Reis) e um estranhíssimo filho (Anderson Mello) – que pode ser de qualquer um ou, vai saber, de ambos os casais. Mortos que revivem e cônjuges que conversam longamente sem se reconhecer são alguns dos estranhamentos com que a plateia depara, causando um efeito ora divertido, ora angustiante, e por vezes ambas as coisas. Muito à vontade, o elenco se mostra totalmente imerso na proposta.
Absurdo (70min). 14 anos. Estreou em 12/10/2012. Teatro Ipanema (240 lugares). Rua Prudente de Morais, 824, Ipanema, ☎ 2523-9794. → Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 18h30 (qui. a dom.). Até domingo (11).