Marcelo Serrado
Na pele do caricato Crô, da novela Fina Estampa, ele alcançou uma popularidade que nunca havia tido em seus mais de trinta anos de carreira e agora se prepara para viver o personagem no cinema
Salvo o clichê dos suspenses, que aponta sempre o mordomo como o culpado, esse personagem costuma ser secundário nas tramas. E, para um ator, não há nada mais trabalhoso do que emprestar brilho a um papel corriqueiro, fora da linha de frente do enredo. Mas Marcelo Serrado conseguiu superar o desafio e, com talento, acabou imortalizando o afetadíssimo Crô, de Fina Estampa, novela cujo último capítulo foi ao ar em março. Dedicado de corpo, alma e trejeitos ao impagável Crodoaldo Valério, ele teve a interpretação mais importante de sua carreira, segundo a opinião dos críticos, dos telespectadores e dele próprio. “O Crô foi muito maior do que tudo o que sonhei para o papel”, diz. Prova do sucesso foram os chavões que o personagem legou, como “ah, para” e “congela”. Com sua indefectível gravata-borboleta, o serviçal também emprestou seu estilo irreverente ao Carnaval, inspirando blocos e escolas de samba.
Formado pela Casa das Artes de Laranjeiras, Serrado tem mais de trinta de seus 45 anos dedicados à profissão. Já fez de tudo nos palcos e nos estúdios de gravação. Nada, porém, se compara à popularidade que alcançou em 2012. Depois de encarnar o mordomo, ele teve um mês de sossego antes de mergulhar no mulherengo Tonico Bastos, personagem de Gabriela que havia sido interpretado por Fúlvio Stefanini na primeira versão da novela, em 1975. O ator garante que tinha fascínio pela figura desde que leu o livro de Jorge Amado na adolescência. “Sempre quis fazer esse bandido simpático”, confessa. Praticante de ioga, futevôlei e corrida, o incansável Serrado continuará em plena agitação. Para a próxima temporada, está escrevendo uma peça e montando outra. Ainda pesquisa a vida do maestro e pianista paulistano João Carlos Martins, que ele vai encarnar em um filme, com estreia prevista para 2013. Envolvido no projeto, voltou a tocar piano avidamente, como fazia na juventude, e arriscou uma apresentação ao lado do músico em São Paulo. Não é só. Em fevereiro, começa a filmar o longa-metragem inspirado em Crô, que terá Christiane Torloni e Ivete Sangalo no elenco. “Entro para ser um leão em cena, não consigo fazer nada mais ou menos”, afirma ele, que em abril será pai de gêmeos, fruto de seu casamento com a bailarina Roberta Fernandes.