Andrea Lima Duarte adotou o Mirante do Joá e criou uma minibiblioteca
Há cinco anos, a guia de turismo dedica-se à revitalização do espaço
Há cinco anos, cansada de ver o Mirante do Joá, em São Conrado, coberto de mato e lixo, a guia de turismo Andrea Lima Duarte, 60 anos, resolveu acabar com o abandono do lugar. Foi até a Fundação Parques e Jardins e adotou o espaço. A partir de então, dedicou-se à sua revitalização. “Achei que seria fácil arrumar patrocinadores para ajudar a tocar o projeto, mas foi difícil. A princípio, tive de tirar dinheiro do meu bolso mesmo. Aí, quando já estava com uma dívida de 5 000 reais, consegui o apoio da Dudalina (marca de roupas)”, relembra Andrea, que mora na Joatinga há mais de vinte anos.
“Se cada um desse um pouco do seu tempo, a cidade seria muito melhor”
Depois da parceria, as obras deslancharam. O mirante ganhou um deque de ecowood (material de pet reciclado), um mosaico de azulejos do Coletivo Muda, uma rampa de acessibilidade e nova pavimentação. Em agosto, Andrea montou ali uma minibiblioteca, batizada de Livro Livre, com o objetivo de difundir o hábito da leitura. Nela, cerca de trinta obras ficam disponíveis para os interessados. É só passar e retirar — o ideal é que o leitor doe outra em troca. “Em vez de ficarem esquecidos em uma estante, os livros serão continuamente passados a novos leitores. Há literatura para crianças, adolescentes e adultos. E uma cadeira para quem quiser ler no local”, conta a guia, que, de vez em quando, promove luaus por lá. “Em dias de evento, ofereço às pessoas sementes de plantas nativas da mata Atlântica. Já distribuí de pau-brasil, de ipê e de uma fruta chamada uvai, que descobri recentemente”, enumera. Uma vez por semana, Andrea vistoria o mirante para ver se está tudo em ordem. E, apesar de contar com a ajuda de um jardineiro, ela mesma põe a mão na massa, fazendo faxina. “Às vezes, dá vontade de desistir, mas o que me faz ir em frente é o amor pelo Rio e a satisfação de ver as pessoas sorrindo, tirando fotos, tendo aquela vista maravilhosa como cenário”, diz Andrea, deixando um recado para a população: “Se cada um desse um pouco do seu tempo, a cidade seria muito melhor”. Ela está certíssima.
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