Food trucks entram na onda da alimentação saudável
Nova geração de caminhões e trailers aposta em receitas leves para atrair os cariocas
Espaguete de pupunha, lasanha de berinjela, hambúrguer de shiitake. Tudo sem frituras, gorduras ou adição de açúcar, itens banidos do food truck Graviola Gourmet. E basta o veículo estacionar nos pontos em que vende seus produtos para que o público faça fila atrás das suas comidinhas saudáveis — e, sim, deliciosas. O negócio vem fazendo tanto sucesso que, a cada mês, o trailer comandado pelo casal Abner Lopes e Manoela Maia marca presença em pelo menos vinte eventos, além de realizar as vendas nas ruas. Engana-se quem pensa que o cardápio do Graviola é um caso isolado: desde que as cozinhas sobre rodas se popularizaram na cidade e ganharam as vias públicas com pontos liberados pela prefeitura, as delícias calóricas vêm enfrentando a concorrência de acepipes light. No lugar de hambúrgueres, cachorros-quentes e batatas fritas, entram em cena sanduíches naturais, receitas vegetarianas e sucos orgânicos. “No início enfrentamos certa resistência do público, porque existe essa ideia de que comida de rua tem de ser pesada. Mas a preocupação com o bem-estar é uma tendência cada vez mais forte e as pessoas têm buscado se alimentar melhor”, diz Manoela, que, em pouco tempo, viu receitas como o salpicão de frango com creme de ricota e palha de pupunha conquistar uma clientela fiel — a atriz Bruna Marquezine, por exemplo, tornou-se fã dos quitutes.
Levando em consideração que o Rio tem uma forte cultura voltada ao culto ao corpo e à alimentação saudável, era uma questão de tempo até que as comidinhas naturais chegassem aos food trucks, com roupagem moderninha e receitas e ingredientes de apelo exótico. No Juçaí, a estrela é um pequeno fruto de mesmo nome — um primo do açaí, só que extraído da palmeira juçara. Desenvolvido e produzido de forma sustentável, o produto ganhou as ruas em novembro, vendido em forma de um sorbet feito a partir da polpa do fruto misturada a banana e inhame. “O juçaí é um superalimento, com valores nutritivos muito superiores aos do açaí, totalmente orgânico e sem conservantes”, defende a nutricionista e apresentadora Cynthia Howlett, que é uma das sócias no negócio sobre rodas. Outro ingrediente em alta entre os cariocas, a tapioca é a estrela de um dos carrinhos mais populares do circuito de rua, o Tapí. Com agenda divulgada através das redes sociais, aposta na goma 100% natural de fabricação própria, preparada em sabores como beterraba, maracujá e café. As receitas são arrematadas por recheios de salmão defumado, cream cheese e cebola-roxa ou queijo brie com mel trufado e amêndoas torradas.
O mercado dos food trucks naturebas é tão promissor que há negócios orientados para públicos específicos. O Zaiber, por exemplo, é voltado à alimentação funcional para os adeptos da malhação e costuma estacionar nos arredores de eventos esportivos e academias de ginástica. “Sentia falta de um lugar para comer depois do treino. Por mais que buscasse uma alimentação mais balanceada, acabava comendo besteira por falta de opção”, explica o sócio Vinicius Seiberlich, que contratou uma nutricionista para desenvolver o cardápio. Sensação entre os malhadores, a crepioca é o carro-chefe. Sem glúten nem lactose, ela é feita com massa à base de tapioca, ovos e semente de chia. Com opções destinadas a crianças, o charmoso QuinTAO Café junta alimentos naturais e orgânicos a atividades lúdicas e interativas para os pequenos. Desde abril, o cardápio da chef Anna Elisa Castro circula em festas infantis, escolas e eventos direcionados para os miúdos, como o Burburinho, que ocupou o Jockey no fim de novembro. Na frota de food trucks do bem o que não falta é criatividade.