Reinauguração da Praça Mauá cria nova área de lazer
Abertura chama atenção para o projeto vizinho, a Orla Luiz Paulo Conde, que deve ficar pronta até o primeiro semestre de 2016
Criação do escultor Rodolfo Bernardelli e marco do surgimento daquele espaço, em 1910, a estátua foi restaurada e está de volta ao seu lugar. No entorno, outros cuidados urbanísticos saltam aos olhos. O granito substituiu as pedras portuguesas e, em certos trechos do piso, placas de grama compõem a bela estampa xadrez. Bancos de design contemporâneo e mudas de árvores que um dia vão dar sombra completam a paisagem na qual desponta a estrutura imponente, e quase pronta, do Museu do Amanhã. Essa é a nova Praça Mauá, assim batizada, no começo do século passado, em homenagem a Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o Visconde de Mauá, pioneiro industrial e diplomata brasileiro eternizado na obra de Bernardelli. A estátua tende a virar ponto de encontro — se tudo der certo, como a de Bellini no Maracanã. Dos pés de Irineu (e não do zagueiro campeão Bellini), a pedida, em breve, promete ser uma caminhada pela Orla Luiz Paulo Conde, inovação das mais interessantes que o projeto Porto Maravilha prevê entregar após o bota-abaixo iniciado em 2009.
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A praça é nossa e ganha solenidade de reinauguração no domingo (6). No mesmo dia, a Avenida Rio Branco será fechada ao trânsito, em um teste para o que deve acontecer de forma rotineira quando as obras na região terminarem. O Museu do Amanhã será aberto em novembro deste ano e a orla, até o fim do primeiro trimestre de 2016. Quem crava as datas é Eduardo Paes. “Esse é o reencontro da cidade com sua razão de ser. Queremos que o cidadão volte a frequentar o Centro. Vamos além do Tim Maia. Em breve o carioca poderá ir do Pontal até o Armazém 8 de bicicleta”, arremata o prefeito. O projeto do novo bulevar à beira-mar justifica o arroubo oficial. Batizado em tributo ao ex-prefeito Conde (1934-2015), o passeio vai se estender por aprazíveis 3,5 quilômetros. Um extremo fica no Largo da Misericórdia, ponto histórico remanescente dos tempos da fundação do Rio de Janeiro, próximo à Praça XV, enquanto o outro encontra-se na Rua Rivadávia Corrêa, na altura da Cidade do Samba.
O trajeto, que no papel ainda vai abrigar ciclovias e quiosques, poderá ser totalmente percorrido a pé ou, em parte, a bordo do VLT (veículo leve sobre trilhos). Livre de entraves como a degradação acumulada há décadas e o espaçoso viaduto da Perimetral, o visitante vai poder admirar, de novos ângulos, as águas, de um lado, e as construções históricas em série, de outro. As instalações do antigo Moinho Fluminense, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde e o Mosteiro de São Bento são alguns exemplos. “Toda a área vai ganhar tratamento paisagístico especial, tanto do ponto de vista dos jardins, quanto do estudo de cores. Será uma pequena revolução urbana”, promete Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Desconfiar do otimismo das autoridades é medida saudável, mas os resultados à vista na Praça Mauá e o andar das obras na Orla Luiz Paulo Conde já permitem ir além do sonho: vai ter passeio no Centro.