As cervejas do outono-inverno
Confira a seleção de VEJA Rio de quinze cervejas que combinam com as temperaturas mais amenas, acerte na escolha para a estação e delicie-se
Difícil encontrar um programa melhor do que aquele que envolve uma cervejinha gelada, seja no sofá de casa acompanhada por um petisco, para tomar batendo papo com os amigos ou matar a sede nos dias quentes. Mas as temperaturas mais baixas do outono-inverno não são desculpa para deixar a loira de lado. “Não é necessário trocar de bebida, experimente apenas mudar o estilo da cerveja”, encoraja Kátia Jorge, professora da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-RJ). Há geladas que combinam perfeitamente com a estação, e podem muito bem dividir os holofotes com os vinhos. Para acertar na escolha, confira a seleção de VEJA Rio, experimente novos rótulos, saiba como harmonizá-los com pratos saborosos e surpreenda-se.
A regra é simples: para os dias mais frios, as cervejas indicadas são as de teor alcoólico mais elevado e sabores mais intensos, como as da família Pale Ale, de alta fermentação. “Elas são produzidas com maltes de cevada ligeiramente tostados. Mais robustas e encorpadas, harmonizam muito bem com os pratos mais gordurosos e pesados do inverno”, explica Fabiano Wohlers, sócio e diretor geral da Mr. Beer Cervejas. As Ales, Stouts e Alts também são ideais para o clima fresco. Com teor alcoólico mais elevado, elas promovem sensação de aquecimento. Não à toa, países como Alemanha fabricaram, durante séculos, cervejas sazonais para o inverno. “Eram bebidas quentes, mais fortes ao paladar e geralmente mais escuras”, explica Kátia, que é fã do estilo Rauchbier, de coloração castanho-avermelhada.
Já a Gouden Carolus Cuvée Van de Keiser Blauw, do tipo Strong Dark Ale, é uma das queridinhas de Tom Lima, gerente do Delirium Café. Trata-se de uma cerveja escura especial, de coloração vermelho-rubi, fabricada apenas no dia 24 de fevereiro de cada ano, data do aniversário do imperador Charles V. No entanto, há também versões claras perfeitas para o clima ameno. Nessa linha, Lima recomenda as Carolus e as St Feuillien. “A Carolus tripel e a St Feuiellen tripel são boas pedidas para quem gosta de uma loira mesmo no inverno”, diz.
Veja a seguir a lista completa de quinze sugestões dos três especialistas, lembrando que as geladas devem ser degustadas a 8ºC para melhor apreciação.
1 – Bodebrown Wee Heavy (estilo Strong Scotch Ale)
Fabricada no Brasil, é inspirada nas cervejas escocesas da região de Dunbar, Alloa e Edinburgo. Trata-se da primeira do estilo Strong Scotch Ale feita no Brasil. Apresenta coloração âmbar translúcida e ótima formação e persistência de espuma. O aroma é bastante maltado, com caramelo, toffee, leve tostado e notas de nozes e frutas cristalizadas. Apresenta corpo médio, com agradável aquecimento, teor alcoólico de 7,2%, paladar maltado e pouco amargo. Harmoniza elegantemente com cordeiro assado, carnes de caça, rabada, cabrito, cogumelos e foie gras.
2 – Bamberg Rauchbier (estilo Rauchbier)
Cerveja defumada, de baixa fermentação, graduação alcoólica de 4,8% e, apesar de tradicional da cidade de Bamberg, na Alemanha, é produzida no Brasil. Harmoniza com pratos fortes como feijoada, carne de porco e linguiças.
3 – Aecht Schlenkerla Rauchbier Märzen (estilo Rauchbier)
Especialidade da cidade de Bamberg, produzida com malte original defumado Schlenkerla, esta cerveja apresenta coloração castanho-avermelhada e graduação alcoólica de 5%. Harmoniza muito bem com carnes vermelhas, carne de porco e de caça, salsichas, linguiças e queijos defumados como o provolone.
4 – Wäls Quadruppel (estilo Belgian Dark Strong Ale)
Bebida de coloração marrom-avermelhada, graduação alcoólica de 11% e espuma densa e duradoura. Paladar com amargor equilibrado e doçura típica do estilo da cerveja, que traz notas de chocolate e toffee. Combina perfeitamente com carne de caça, cozido de carne vermelha, aves assadas, goulash, trufas e tiramisú.
5 – Brooklyn Black Chocolate Stout (estilo Imperial Stout)
Cerveja de coloração bem escura, com aroma que mistura chocolate com notas herbais e mentoladas de lúpulo. Final de boca equilibrado, nem seco, nem doce, e graduação alcoólica de 10%. Seu sabor encorpado harmoniza com massas, carnes, molhos adocicados e sobremesas à base de chocolate, leite ou até mesmo cítricas.
6 – Carolus Tripel (estilo Tripel)
Produzida com ingredientes nobres, lúpulos apenas de origem belga e refermentada na garrafa, esta cerveja de cor dourada possui graduação alcoólica de 9%. O colarinho é denso e cremoso, e o sabor levemente adocicado no final. A bebida combina com carnes brancas, como coxas de frango com molho à base de cerveja.
7 – St Feuillien Tripel (estilo Tripel)
Seu colarinho é branco, fino e muito cremoso. De coloração âmbar turva, esta cerveja revela uma combinação única de lúpulos aromáticos, especiarias e aromas típicos da fermentação, muito frutada. Refermentada na própria garrafa, seu sabor é peculiar e sua textura excepcional. Aperitiva e refrescante no verão e saborosa no inverno, ela se afirma como cerveja de degustação por excelência. Harmoniza muito bem com peru, pato, vitela e queijo brie com geleia de damasco.
8 – Gouden Carolus Cuvée Van de Keiser Blauw (estilo Strong Dark Ale)
De coloração vermelho rubi, quase preta, esta cerveja especial fabricada apenas no dia 24 de fevereiro de cada ano é uma adaptação da tradicional Gouden Carolus Classic, com sabores e aromas únicos e graduação alcoólica mais elevada. Desce bem com sobremesas como brownie com sorvete de creme.
9 – Indica Pale Ale (estilo pale Ale)
De coloração avermelhada, esta cerveja tem alto teor alcoólico (7%) e amargor conferido pela presença de lúpulos americanos e malte convencional tostado. Seu processo de fabricação dura em média 28 dias. A bebida acompanha muito bem pratos fortes, como mariscos e caças. O sabor característico fez com que recebesse três estrelas no guia de cervejas Pocket Beer Book, do inglês Michael Jackson, o maior especialista em bebidas de malte do mundo.
10 – Demoseille Colorado (estilo Porter)
Feita com maltes importados, esta cerveja leva ainda café, o melhor da região da Alta Mogiana, comprado direto do produtor, moído e torrado com rigoroso critério e, antes de ser adicionado ao mosto cervejeiro, macerado em água fria, o que faz com que não perca seu aroma. A bebida, que conquistou medalha de ouro no European Beer Star 2008, na categoria Porter, pode ser degustada com pratos defumados ou mesmo com sobremesas à base de chocolate.
11 – Bamberg Alt (estilo Al)
Tradicional cerveja de Düsseldorf, na Alemanha, ela possui alta fermentação, com 5% de teor alcoólico, e harmoniza com pratos apimentados, gordurosos, carnes vermelhas e de caça.
12 – Pietra (estilo Speacialty Beer)
Emblemática e tradicional da Ilha da Córsega, na França, a bebida tem coloração âmbar e aromas muito típicos e originais. É elaborada a partir da farinha de castanha, ingrediente muito utilizado na culinária local. Com 6% de álcool, é potente e ao mesmo tempo delicada. Acompanha muito bem carnes suínas e queijos gordurosos.
13 – Colomba (estilo Wittbier)
Trata-se de uma cerveja clara, à base de trigo e aromatizada com ervas de maquis. Levemente turva devido à presença das leveduras, esta cerveja com 5% de álcool desce deliciosamente bem e harmoniza com pratos leves desde saladas e frango até queijos como o de cabra e os de casca branca (brie, por exemplo).
14 – Ithaca (estilo Imperial Stout)
Com 10,5% de teor alcoólico, é elaborada artesanalmente com generosas quantidades de malte e lúpulo, mais o toque da rapadura queimada, genuinamente brasileira. O longo período de maturação na garrafa origina uma cerveja encorpada, de cor escura, ao mesmo tempo doce e amarga, com interessante evolução de sabores no decorrer do tempo de armazenamento. Para isso, deve ser mantida em local escuro e fresco. Harmoniza com carnes de caça, queijos duros bem maturados, presunto cru e sobremesas caramelizadas, como creme brulée e pudim de leite.
15 – Samuel Adams Utopias (estilo Specialty Beer)
Única, esta cerveja americana tem coloração acobreada e aroma com notas de baunilha, caramelo e madeira. Com teor alcoólico de 27%, lembra vinho do Porto, conhaque ou sherry envelhecido em barris de carvalho. Não é um produto carbonatado, e costuma ser servido após as refeições, como um licor.