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Elas querem ser a parisiense

Ele virou item indispensável na mesa de cabeceira das cariocas. Entenda por que o livro A Parisiense - O guia de estilo de Ines de La Fressange é o mais vendido nas livrarias da cidade

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h35 - Publicado em 13 abr 2012, 19h39

Não estranhe se vir por aí com frequência um certo livro de capa vermelha texturizada, imitando couro, com letras douradas e formato arredondado. O que à primeira vista parece ser um charmoso caderno antigo, daqueles do tipo scrapbook, é na verdade A Parisiense – O Guia de Estilo de Ines de La Fressange (Intrínseca). Na obra, a ex-modelo Ines de La Fressange, ícone de elegância e rosto exclusivo de Chanel na década de 80, reúne dicas de moda, estilo e beleza, além dos endereços mais charmosos de Paris. A promessa de um roteiro com os truques e caminhos para replicar o jeito despretensioso – e ao mesmo tempo impecável – de se vestir, comportar e viver das mulheres da capital francesa transformou a obra num tremendo sucesso entre as cariocas. Bastou chegar aqui para que o livro e sumisse das prateleiras. Lançado em novembro de 2011, teve a tiragem inicial de 25 mil exemplares esgotada em janeiro e desde então é campeão de vendas na Livraria Cultura do Fashion Mall – apesar de ser a menor da rede, a filial carioca é a segunda que mais vende o título no país. Desbancando bestsellers como O livro do Boni, Steve Jobs e É tudo tão simples, A Parisiense também é o mais vendido na Livraria da Travessa e marca presença na seção de mais procurados na Argumento do Leblon.

O sucesso do livro mostra que, mesmo celebrada mundo afora como símbolo de beleza, atraente e dona de um charme especial, a mulher carioca admite que as francesas são imbatíveis quando o assunto é elegância. Nascida no mesmo berço onde surgiram grifes como Dior, Chanel, Louis Vuitton, Yves Saint Laurent, Hermès, Céline, entre outras grandes maisons, ícones do mundo da moda, a parisiense tem em seu DNA o estilo tão cobiçado pela mulherada dos trópicos. “Existe esse mito, quase folclórico, da parisiense ser chique, linda, despojada. E o segredo está no livro. Li porque a Ines é chiquérrima”, admite a estilista Adriana Svartsnaider, que devorou a tradução assim que foi lançada.

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Em A Parisiense, Ines de La Fressange, natural de Saint-Tropez, brinca que até mesmo ela, que sequer é parisiense, pode se apresentar como uma. E dá dicas certeiras para a leitora: em que peças investir, como aliar o chique e o despojado, os melhores endereços da cidade. A obra fisgou até mesmo as viajantes mais escoladas, profundas conhecedoras dos segredos de Paris. A empresária Anna Clara Herman, que há vinte anos visita com frequência a capital francesa, encontrou no livro uma fonte de dicas e cantinhos inexplorados nos arredores do Sena, conferidos de perto em sua última viagem, em janeiro. “Além de falar de pontos fundamentais da moda, ela indica endereços de decoração bárbaros, que eu não conhecia”, aponta Anna. “E traça um perfil de uma parisiense mais alternativa, que mescla muito bem as referências clássicas e as tendências”, diz ela.

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Curiosamente, um dos principais mantras desfiados por Ines ao longo do livro condena justamente uma prática comum entre as consumidoras cariocas: a necessidade de usar a última tendência, de possuir a bolsa/sapato/ acessório grifado da moda. “A Ines mostra que a francesa não entra numa fila de espera por bolsas e roupas de grife, não tem esse apego. Ela tem estilo próprio, e isso é muito legal”, destaca a jornalista Juliana Almeida. A autora prega também, entre outros mandamentos, o consumo consciente, ensinando a leitora a montar um guarda-roupas versátil, clássico e ao mesmo tempo durável. “Nenhuma mulher precisa ter vinte bolsas. Falo isso para as minhas clientes. Sair pra comprar é uma delícia, mas vamos usar um pouco do que a gente já tem?”, diz a consultora de imagem Juliana Burlamaqui, que comprou o original em uma viagem de pesquisa a Paris e hoje distribui a versão brasileira como presente para suas assessoradas, ajudando a espalhar a nova bíblia do estilo para outras cariocas não iniciadas.

Se depender da quantidade de cariocas que se renderam aos ensinamentos de Ines de La Fressange, em breve o Rio estará dominado pelas clássicas camisas listradas, blazers despojadamente dobrados, suéteres de cashmere e outros ícones do vestuário parisiense. A única dica que provavelmente será objeto de ressalva aparece no capítulo dedicado aos pecados fashion. Na página 67, a autora alfineta as mulheres do Rio ao incluir na lista de proibições “calcinha de biquíni que não cobre o bumbum”. Categórica, ela afirma que “a parisiense se depila à brasileira mas não usa o biquíni da carioca”. Ines pode até ter conquistado muitas leitoras fiéis por aqui. Resta saber se elas são tão disciplinadas a ponto de abrir mão daquela que é marca registrada das locais. Nesse ponto, talvez a carioca repense e veja que as dicas de uma autêntica francesa são valiosas, mas que ninguém precisa ser tão parisiense assim.

A Parisiense – O Guia de Estilo de Ines de La Fressange, de Ines de La Fressange com Sophie Gachet. 240 páginas. Editora Intrínseca (R$ 49,90).

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