Aos 25 anos, o chef carioca já ostenta um currículo considerável. Filho de Claude Lapeyre, respeitado cozinheiro francês que por três décadas deu expediente na boate Hippopotamus e é o criador da famosa receita da feijoada do Amaral, o rapaz teve sua primeira experiência profissional aos 14 anos, em um evento comandado pelo pai. Em Paris, estudou na escola de hotelaria Jean Drouant e foi assistente na Alain Ducasse Formation, escola do superchef francês. Depois, passou uma temporada na Borgonha ? trabalhou no estabelecimento do chef Frederic Doucet, o Hôtel de la Poste, em Charolles, cidade francesa conhecida pela qualidade de sua carne. De lá, partiu para Bruxelas. Durante a estadia na capital belga, galgou posições dentro do Comme Chez Soi, cotado com duas estrelas no Guia Michelin, e chegou a chef de partie, um degrau abaixo do posto de chef de cozinha. Depois de uma passagem pelo Le Pré Catelan, do mestre Rolland Villard, com quem se aconselha até hoje, deu o passo que faltava: assumiu, há um ano, o comando do Laguiole. No salão colado ao Museu de Arte Moderna, impressiona os visitantes com pratos de belo visual e execução marcada pelo rigor técnico da escola francesa. Seu talento transborda em criações como o ceviche de vieira, sugestão de entrada de acidez perfeita, servido com gotas de coulis de açaí e de pimenta-biquinho (R$ 42,00). Já a verve criativa é atestada em releituras de clássicos, a exemplo do turnedô rossini, filé alto encimado por foie gras grelhado, guarnecido de purê de batata trufado e legumes glaçados (R$ 79,00). Não por acaso, Ricardo Lapeyre, com oito votos do júri, foi escolhido o chef revelação de 2013. Por último, uma dupla curiosidade não gastronômica: ele é neto do ator Jece Valadão e sobrinho-neto do escritor Nelson Rodrigues.