Dois endereços de Botafogo disputam a clientela alternativa
Redutos moderninhos, VOID e Comuna atraem o público hipster do bairro
Houve um tempo em que Botafogo era conhecido como um bairro de passagem. Também, pudera. Durante anos, quem quisesse beber bem e se divertir por lá não tinha muita escolha. Os frequentadores dispunham apenas de alguns pés-sujos com mesas na calçada (ou nem isso), que absorviam a demanda dos clientes sedentos pela saideira depois do trabalho. Hoje, o cenário é diametralmente oposto, e a região transformou-se em um reduto repleto de bares de múltiplas vocações instalados em casarões reformados que tornaram a região o principal epicentro boêmio do Rio. Em meio a tantas opções, o público hipster (leia-se aquele grupo de jovens moderninhos, com roupas meio retrô e estilo blasé) tinha como destino preferido a Comuna. Aberta em 2011, trata-se de um espaço que funciona como misto de bar e galeria de arte, recebendo festas e feiras e servindo um dos hambúrgueres mais badalados da cidade, que fazem as calçadas das redondezas ficar apinhadas de jovens todas as noites. Só que, desde o fim do ano passado, com a inauguração da VOID, na Rua Voluntários da Pátria, boa parte da clientela foi conferir a novidade e acabou ficando por lá. “Sei que sempre vai ter gente bonita, papo interessante e coisas legais para comprar”, explica a designer Camila Fernandes, de 27 anos, que já perdeu a conta de quantas vezes parou para tomar uma cerveja na VOID após o trabalho.
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Sucesso absoluto de público, a VOID é um empreendimento que mistura loja e bar e já soma seis endereços na cidade. A filial de Botafogo carrega em algumas inovações com relação às irmãs do Leblon, Barra, São Conrado, Arpoador e Flamengo, que vendem produtos de conveniência, peças de roupa, tênis e bebidas. À beira da rua, uma pequena arquibancada faz as vezes de banco para os frequentadores, e uma cozinha comunitária recebe um chef novo a cada dia, que assume a chapa e executa acepipes bacaninhas como a moçada que anda por ali. “Temos um público que não se leva muito a sério, mas que sabe exatamente o que está consumindo”, comenta Renata Gebara, sócia da operação de Botafogo. Assim como seu concorrente mais velho, a novata VOID prima pela descontração no serviço. O local mal tem mesa, e muito menos garçom: você vai ao caixa, escolhe o que quer consumir e paga na hora. Tudo envolvido naquele irresistível apelo de despojamento descolado.