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Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos
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ITATA, nova fronteira dos vinhos do Chile

Dei um mergulho no Chile profundo, a 400km ao sul de Santiago, emergi feliz com novas descobertas.

Por marcelo
Atualizado em 6 nov 2019, 18h32 - Publicado em 10 jul 2018, 10h00

Por Marcelo Copello

Dei um mergulho no Chile profundo, a 400km ao sul de Santiago, emergi feliz com novas descobertas. Em visita ao alongado país, estive no vale de ITATA uma das novas fronteiras de vinhos que irão surpreender e encantar nossos paladares.

Itata, tem uma história e viveu um processo semelhante à vizinha Maule (leia recente matéria sobre Maule em https://www.marcelocopello.com/post/maule-o-elo-perdido-dos-vinhos-do-chile), de resgate de vinhedos e variedades do passado, só que com as castas CinsaultPaís e Moscatel de Alexandria. Enquanto Maule impressiona pela dramática secura e vinhas velhas de Carignan, Itata é bucólica e de clima mais ameno, atenuado pelo rio Itata. Seus solos são de granito com quartzo, suas colinas muito verdes, cobertas por Pinheiros, formando uma paisagem que remete à Toscana. Lá visitei dois produtores, talvez dos vinhos mais emblemáticos da região, De Martino e Pandolfi Price.

Vejam minhas impressões e vinhos avaliados.

De Martino

Em Itata participei de uma degustação ao ar livre. No alto de uma colina, inserido na paisagem da região, provei os vinhos da De Martino feitos ali ao lado, em companhia do enólogo chefe da casa, Marcelo Retamal. Itata, a 460 km de Santiago, foi uma das primeiras regiões vinícolas do Chile, plantada pelos espanhóis em 1551. Originalmente cresciam aqui a tinta País e a branca Moscatel de Alexandria. Após o terremoto de 1939 tinta Cinsault foi também muito plantada, além de outras brancas como a Chasselas. A De Martino, visando recuperar este patrimônio lançou a linhas Gallardia e Viejas Tinajas, com Cinsaut e Muscat. Os vinhos mostram muita pureza, elegância e tensão gastronômica. No Brasil estão com a Decanter (www.decanter.com.br).

Gallardia branco 2014, Itata

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Elaborado com Muscato de Alssexandria e Chassellas, plantadas em 1975, sem passagem por madeira. Palha muito claro. Aroma delicado, não muito intenso, elegante, floral, com notas de lichia, cítricos. Paladar leve, macio, fresco, 11,5% de álcool, acidez excelente. Nota: 87 pontos

Viejas Tinajas Muscat 2014, Itata

Moscatel de Alexandria de Itata vinificado em ânforas de barro, onde as uvas maceram por 6 meses com suas cascas, fazem aí a fermentação alcoólica e malo-lática (100%).Cor palha em tons mais densos. Aroma elegante e delicado, com notas de flores, cítricos, laranjas. Paladar macio, com 13% de álcool, com boa acidez, muito rico, com boa profundidade e complexidade, longo e delicioso. Nota: 94 pontos

Gallardia rosé 2013, Itata

Elaborado com 100% Cinsault, plantado em 1982. Muito claro, quase branco, em tons de casca de cebola. Aroma floral delicado, sem ser invasivo, notas de rosas, paladar muito leve, macio e fresco, muito muito fácil de beber, o melhor rosé que provei nos ultimos tempos. Nota: 90 pontos

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Gallardia tinto 2014, Itata

100% Cinsault, plantadas em 1982, sem passagem por madeira. Rubi claro. Aroma muito fresco e frutado, com notas de framboesas. Paladar leve e fresco, com boa acidez, 13% de álcool, gastronômico. Perfeito para o dia a dia, delicioso, lembra um um Cru de Beaujolais. Nota: 87 pontos

Viejas Tinajas tinto 2013, Itata

100% Cinsault. Fermenta em ânforas de barro por 6 meses, onde faz as fermentações alcoólica e malo-lática. Rubi claro. Aroma com ótima pureza e definição, notas de frutas vermelhas maduras, nota vegetal de musgo. Paladar de médio corpo, 12,5% de álcool de álcool, com taninos finos, seco e gastronomico, acidez muito boa, longo. Nota: 90 pontos

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Pandolfi Price

Um achado, um grande Chardonnay de onde menos se espera, de Itata. Enzo Pandolfi Price, médico, em busca de uma vida no campo com sua família, comprou em 2002 uma bela fazenda na região de Itata. Na fazenda Santa Inés, por acaso, haviam 25 hectares de Chardonnay… No inicio vendiam todas as uvas para outras vinícolas (ainda vendem a maior parte da colheita). Em 2008 lançaram o primeiro vinho próprio, apos uma consultoria dos mestres Francois Massoc e Pedro Parra. O vinhedo, plantado em 1992, cultivado orgenicamente, tem solo argiloso com alguma areia e granito, sem irrigação (em secano) e de boa drenagem. Desde 2011 plantaram mais 25 hectares com Pinot Noir, Syrah, Sauvignon Blanc e Riesling. Já fazerm um segundo rótulo de Chardonnay, o Larkun (sem madeira) e acabam de lançar um Pinot Noir. Os vinhos são excelentes e ainda não tem representante no Brasil.

Larkun 2013, Pandolfi Price, Itata-Chile

Elaborado 100% com Chardonnay, sem malo-lática e sem madeira. Amarelo palha brilhante. Aroma intenso e muito fresco, com notas cítricas, macã verde, nota fumé e mineral. Paladar com acidez alta, mordente, com textura macia, excelente no estilo, buscando ferscor exuberante sem o aporte de madeira.

Nota: 90 pontos

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Larkun 2014, Pandolfi Price, Itata-Chile

Elaborado 100% com Chardonnay, sem madeira e nesta safra com malo-lática. Amarelo palha brilhante. Aroma intenso, fresco, cítrico, uma nota amanteigada, flores brancas, mel, fundo mineral. Paladar de medio corpo, macio, com otima acidez. Em uma comparação com 2013 (que não teve malo-lática), é mais complexo e elegante mas perde exuberância no frescor/acidez, tornando-se mais comum, embora ainda um excelente Chardonnay sem madeira.

Nota: 88 pontos

Los Patricios 2013, Pandolfi Price, Itata-Chile

100% Chardonnay de vinhedos de 20 anos, orgânico sem irrigação, fermentado em barricas 20% novas onde permaneceu 22 meses. Amarelo esverdeado brilhante. Aroma intenso, com boa complexidade, frutas maduras, citricos, amanteigados, fundo mineral muito elegante, madeira muito bem colocada. Paladar encorpado, estruturado por boa acidez, 13,5% de álcool, longo, belíssimo vinho, me lembrou um bom Meursault.

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Nota: 95 pontos

Los Patricios 2012, Pandolfi Price, Itata-Chile

100% Chardonnay de vinhedos de 20 anos, orgânico sem irrigação, fermentado em barricas 20% novas onde permaneceu 22 meses. Amarelo palha com reflexos dourados. Aroma intenso elegante e complexo, com mineralidade explícita, com notas que lembram talco, alem de citricos, frutas maduras, mandeira, baunilha, tostados, amanteigados. Paladar encorpado, com otima acidez, 13,5% de álcool, mais pronto e mais mineral que o 2014.

Nota: 93 pontos

Los Patricios 2011, Pandolfi Price, Itata-Chile

100% Chardonnay de vinhedos de 20 anos, orgânico sem irrigação, fermentado em barricas 20% novas onde permaneceu 22 meses. Amarelo palha com reflexos dourados. Aroma muito expressivo, com fruta limpa, bem delineada, aliada a madeira de excelente qualidade, com notas minerais. Paladar encorpado, macio, 13,5% de álcool, longo, complexo e sofisticado, entrando em seu auge, embora possa viver bem mais.

Nota: 92 pontos

Los Patricios 2010, Pandolfi Price, Itata-Chile

100% Chardonnay de vinhedos de 20 anos, orgânico sem irrigação, fermentado em barricas 50% novas onde permaneceu 22 meses. Amarelo dourado brilhante. Aroma intenso, de frutas tropicais bem maduras, manga, maracujá, mel, baunilha. Paladar encorpado, com madeira aparecendo, cresmoso, longo. Em relação aos demais Los Patricios da prova vertical (2008-2013), este destoa, tem mais madeira, o que o deixou menos elegante e menos equilibrado.

Nota: 87 pontos

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instagram: @marcelocopello

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