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Vanessa Aragão

Por Vanessa Aragão, pesquisadora e instrutora de meditação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Criadora do projeto Meditante Urbana
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Salve a impermanência!

Como exercícios de concentração podem nos livrar da raiva

Por Vanessa Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 jun 2018, 16h07 - Publicado em 28 jun 2018, 16h00
 (Toa Heftiba/Unsplash/Reprodução)
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A maioria de nós anda por aí com o corpo cheio de dores. Podemos pensar nisso como algo normal, que faz parte do envelhecimento, mas eu acredito que é possível andar em liberdade, sem tensão, se conseguimos conectar mente e corpo. Afinal, quanto tempo sua mente fica com o corpo no intervalo de 24 horas?

Corpo e mente são dois lados da mesma moeda. O problema é que nossa mente, boa parte do tempo, fica divagando lá fora do corpo e não sabemos o que acontece com ela. Assim, não sabemos como acolher as preocupações, e caímos na tentação de fazer qualquer coisa para encobri-las. Por isso, comi bastante no café da manhã. A minha mente estava em um casal de amigos que acabou de se separar.

Sabemos intelectualmente que tudo é impermanente, mas vivemos como se tudo fosse permanente. Gosto de pensar que sou relaxada, sem ser descuidada. Que harmonizo mente e corpo, e paro de correr atrás do sentido de segurança nas coisas, nas pessoas, nas situações. Hoje, não consegui. Quando bateu a ponta de tristeza pela notícia, lembrei do livro do monge budista Thich Nhat Hanh, chamado Paz mental.

O monge lembra que a impermanência é responsável pela vida. Como poderíamos transformar sentimentos desagradáveis se tudo fosse estático? Não temos esperança de mudar certos padrões justamente porque sabemos que as coisas mudam?

Uma concentração praticada no Budismo Tibetano é um exercício simples e profundo de  contemplação da impermanência. Suponha que você esteja com raiva do seu parceiro. Ele disse algo que te fez sofrer; você quer revidar. Você acredita que se disser algo que o faça sofrer, você vai sofrer menos (o que claramente não funciona). E assim vocês começam a praticar a “escalada da raiva”.  No entanto, em um lapso de lucidez, você quer sair dessa escalada. Então…

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1- Feche os olhos e inspire. Nos 3 ou 4 segundos de inspiração, visualize a outra pessoa. Como ela estará daqui há 300 anos? Isso mesmo: 300 anos.

2- Bote a imaginação em jogo e encare. O que ela será em 300 anos? No que você terá se tornado em 300 anos?

3- Quando você inspirar, a pratica direciona a sua concentração para a impermanência. Quando expirar, você já terá o discernimento dela.

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Ao abrir os olhos, você ficará feliz por estar vivo. Você vai perceber que o seu parceiro é impermanente, que você é impermanente e que talvez não valha operar na escala da raiva. Não é a ideia ou a noção de impermanência, mas o insight sobre ela que pode nos tirar do sufoco.

Vanessa Aragão é instrutora de meditação, com formação no monastério Kopan, no Nepal. É criadora do projeto @meditanteurbana,  com aulas às segundas na Academia da Ahlma, no Leblon, e às terças e sextas no Espaço Dharma, na Barra.

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