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Ícaro Silva fala sobre novo espetáculo musical inspirado na black musical

Em meio a imitações, improvisos e causos, o ator comanda uma nave que viaja pela história do gênero em "Ícaro and the Black Stars"

Por Renata Magalhães
Atualizado em 12 jun 2018, 13h40 - Publicado em 12 jun 2018, 13h33
O ator Icaro Silva usa roupa prateada
Icaro Silva: de volta aos palcos  (Chico Cerchiaro/Divulgação)
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Em time que está ganhando não se mexe. Depois de estrelar os sucessos S’imbora – O Musical: A História de Wilson Simonal e a versão pocket Show em Simonal, Ícaro Silva volta a se juntar com Pedro Brício e Alexandre Elias em novo espetáculo. O primeiro assina o texto e dirige Ícaro and the Black Stars, que estreia sexta (15), no Teatro XP Investimentos, enquanto o segundo fica responsável pela direção musical.

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Em cena, o ator/cantor/showman busca reafirmar seu poder de interação com o público ao mesclar sucessos da black music com histórias pessoais. Ou será tudo dramaturgia? Antes da estreia, Ícaro trocou uma ideia com a VEJA RIO e falou sobre a montagem, as dificuldades dos negros no Brasil e o impacto que a performance de Beyoncé, no programa Domingão do Faustão, teve na sua relação com o público.

O que vamos ver em cena?
Esse espetáculo tem um formato de show e, ao mesmo tempo, usa uma “dramaturgia documental”. Há um recurso lúdico que nos faz gente viajar pelo tempo e espaço, conhecendo essas estrelas da música: vamos até o James Brown e o Bob Marley e voltamos ao Tim Maia, tudo com uma fluidez muito grande. Enquanto isso, conto experiências pessoais minhas e apresento o Ícaro como um personagem, mesclando sempre ficção e realidade. Falo da minha infância, mas também resgato histórias da trajetória do comandante dessa nave espacial.

De todos os artistas homenageados em cena, qual a sua maior referência?
Ninguém é feito de uma única referência. Somos uma colagem daquilo que nos toca, então é impossível escolher um só, principalmente para quem escolhe a carreira artística. Mas o primeiro nome que me marcou ainda na infância foi Michael Jackson, pelo caráter lúdico da sua arte. Ele tinha a habilidade de deixar o público se questionando como fazia aquelas coisas e isso dialoga muito com o que tentamos fazer no teatro. Fora o tamanho que ele tomou no mundo – não conheci o Michael criança, já fui logo apresentando àquele ser mágico e megalomaníaco que engolia o palco. Um artista muito versátil, explosivo e perfeccionista.

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Além de Bob Marley, Tim Maia e James Brown, você volta a tratar de Wilson Simonal, que já interpretou em dois espetáculos, um grande artista que teve a vida marcada pela polêmica. Qual é a sua opinião sobre ele?
Nos dois musicais, a gente apresenta a nossa versão para os fatos que a gente conhece. Não estamos julgando ninguém, mas há um posicionamento. A história do Simonal está relacionada com a história do Brasil e mostra como, no nosso país, o negro, artista ou não, tem uma dificuldade enorme em apenas existir. Sei bem o que ele viveu, em uma época que isso devia ser ainda mais limitador, e isso contribuiu sim para a sua ruína. Minha opinião é totalmente baseada no seu valor artístico; ele foi o maior popstar brasileiro e um dos maiores do mundo.

+ Relembre: Ícaro Silva será Wilson Simonal em musical sobre o cantor: “Ele foi apagado da história. Foi humilhado”

Algum outro nome representou um desafio para você?
É sempre mais trabalhoso fazer aqueles tipos que trabalham com o perfeccionismo, como o próprio Michael Jackson e a Beyoncé, por exemplo.

Você ainda é lembrado pela interpretação da Beyoncé no programa Domingão doFaustão?
Sim, ainda hoje. As pessoas ficaram muito felizes com a performance e eu fico feliz em perceber que elas valorizam realmente o caráter artístico. Não só a Beyoncé, mas o Bob Marley e o Michael Jackson também. O público esteve muito presente comigo na competição e criei uma ligação importante com ele. Na maioria das vezes, essa relação é distorcida pela mídia, há uma confusão entre “artista” e “celebridade”. Grandes artistas não são reconhecidos pelo grande público. Outras vezes, há a percepção de que a sua vida pessoal necessariamente passa a fazer parte do convívio público, quando isso, na verdade, é uma escolha. Eu me sinto no dever de dividir algo com as pessoas, mas o que tenho para doar é a minha arte. E fico feliz quando a recebem tão bem.

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Quais versos levados ao palco melhor descreveriam o espetáculo?
Que difícil! Para citar alguns: “Now you see the light / stand up for your rights” (Agora você vê a luz / lute pelos seus direitos), do Bob Marley, “I feel good / I knew that I would“ (Eu me sinto bem / Saberia que me sentiria assim), do James Brown, e “Uma luz azul me guia”, do Tim Maia.

› Teatro XP Investimentos. Avenida Bartolomeu Mitre, 1110-B, Leblon (Jockey Club). Sexta e sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 80,00. Até 1º de julho. Estreia na sexta (15).

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