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Entrevista: Guida Vianna celebra 40 anos com a peça “Agosto”

"Todos temos um quê de voyer", brinca a atriz sobre a trama de Tracy Letts, repleta de segredos familiares

Por Renata Magalhães
Atualizado em 9 ago 2017, 17h26 - Publicado em 9 ago 2017, 17h25
 (Silvana Marques/Divulgação)
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Foram nove horas diárias de ensaio, durante o curto período de seis semanas. Uma rotina intensa antes da estreia do espetáculo Agosto, atualmente em cartaz no Oi Futuro. Laureada com os prêmios Pulitzer e Tony – respectivamente nas categorias de Melhor Drama e Melhor Texto –, a trama assinada pelo dramaturgo norte-americano Tracy Letts inspirou o filme Álbum de Família (2013), com ninguém menos que Julia Roberts e Meryl Streep no elenco. Em sua primeira adaptação nacional, a montagem por aqui também é estrelada por uma grande dama da dramaturgia: a atriz Guida Vianna celebra 40 anos de carreira e dá vida à protagonista Violet.

Depois de passar três anos afastada dos palcos, Guida faz um retorno triunfal no papel de uma mulher amargurada, que precisa lidar com um reencontro familiar após o desaparecimento de seu marido. Convalescente de um câncer de boca, ela precisa encarar as filhas em um acerto de contas marcado por segredos. Letícia Isnard, Claudia Ventura e Eliane Costa também estão no elenco, ao lado de Isaac Bernat e Lorena Comparato, dentre outros. O grande time – no total, são 11 atores – foi capitaneado por André Paes Leme, que escolheu uma linguagem não-convencional para sua direção. “Foi uma experiência intensa”, resume Guida. Confira abaixo uma conversa com a atriz:

Como foi o processo de construção do espetáculo?
Foi um verdadeiro exercício de concentração. O texto tem 160 páginas, divididas em três atos. Temos um elenco com 11 atores, todos com uma larga vivência de palco, mas o André [Paes Leme, diretor] não queria uma montagem realista. A casa de dois andares descrita no texto é construída no espaço de palco que temos e as cenas são desenvolvidas com certa simultaneidade. Foi necessária muita concentração. Mas o resultado foi muito satisfatório, já que não é uma peça totalmente realista ou totalmente psicológica. Conseguimos construir uma narrativa extremamente contemporânea.

Você viu o filme durante esse processo?
Vi o filme em 2013 sem saber que era uma peça. Gostei do nome e pensei: “Será que é a peça do Nelson Rodrigues?” (risos). Depois soube que era o texto do Tracy Letts e que ele mesmo tinha roteirizado o filme. Quando comecei a ensaiar, ficou aquela dúvida se deveria rever e escolhi não. Agora, na reta final, fazendo os ensaios abertos, quis saber se poderia chupar alguma coisa da Meryl (risos). Mas não teve como, são linguagens muito diferentes e quem viu o filme vai perceber isso.

Trata-se de um drama sobre questões familiares?
Em uma família, sempre há o questionamento sobre quem traumatizou quem. Nesse caso, não é diferente. Tanto que não há um protagonismo, já que todos os integrantes têm sua história contada. É uma comédia dramática com muita ironia e sagacidade, então, por mais que seja um assunto pesado, o público vai rir. Aquele rir para não chorar, sabe? Fora que todos nós temos um quê de voyer: basta ouvir um grito que corremos para a janela. As pessoas vão gostar de acompanhar aquela história pelo buraco da fechadura.

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Falar sobre estes assuntos pode despertar demônios escondidos?
No meu caso, impossível! São 30 anos de análise, sei onde doem os meus calos e quais são as minhas dores e feridas. Ao contrário da Violet, que é um inconsciente desregrado.

Depois de se dedicar à papéis cômicos, é divertido diferenciar com um drama?
Costumo dizer que estou sempre fora do tempo certo. Quando fiz minha primeira peça, Dependências de Empregada, todos me elogiavam pelo tempo cômico. Só que, naquela época, era relevante fazer drama. Hoje que os comediantes estão lá em cima, eu decido mudar (risos). Mas é um grande presente e fiquei muito envaidecida com o convite da Maria Siman [produtora]. Gosto de trabalhar e qualquer gênero é uma diversão para mim.

O que mudou na Guida que estreou Dependências de Empregada, há 40 anos, para a que está em cartaz hoje com Agosto? Qual o seu conselho para a próxima geração?
A energia (risos). Mas meu entusiasmo pela construção teatral é o mesmo. Sou capaz de passar 12 horas em uma sala de ensaio. Continuo apaixonada pelos clássicos e admirando as novas linguagens que estão sendo desenvolvidas. Meu conselho é: tenha uma ilusão desiludida – desiluda-se de fama e sucesso porque o caminho é longo e rodeado de fracassos, mas tenha a ilusão de que você está sempre fazendo o seu melhor. Até o próximo espetáculo.

Oi Futuro Flamengo. Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo. Quinta a domingo, 20h. R$ 30,00. Até 17 de setembro. 

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