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Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio
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Uma conversa com o jornalista e escritor Guilherme Fiuza, que assina seu primeiro texto teatral

Escritor de sucesso, autor de Meu Nome Não é Johnny e das biografias de Bussunda e Reynaldo Gianecchini, o jornalista Guilherme Fiuza está se lançando em uma nova seara: o teatro. Com estreia prevista para a próxima sexta (9), no Teatro Ipanema, Eu e Ela é a sua primeira peça. Dirigida por Ernesto Piccolo, a comédia parte de uma […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 18h23 - Publicado em 2 jan 2015, 14h11

O diretor Ernesto Piccolo, a atriz Cláudia Mauro e o autor Guilherme Fiuza (crédito: Desirée do Valle)

Escritor de sucesso, autor de Meu Nome Não é Johnny e das biografias de Bussunda e Reynaldo Gianecchini, o jornalista Guilherme Fiuza está se lançando em uma nova seara: o teatro. Com estreia prevista para a próxima sexta (9), no Teatro Ipanema, Eu e Ela é a sua primeira peça. Dirigida por Ernesto Piccolo, a comédia parte de uma situação banal: o encontro entre uma mulher, Bárbara (Cláudia Mauro), e uma barata dentro de um apartamento. A situação a deixa histérica, trazendo à tona o fracasso de seu casamento e a insatisfação com o emprego.

O blog conversou com Fiuza sobre a peça. Confira:

Você está estreando no teatro, já tendo construído uma bem-sucedida carreira como jornalista e escritor. Escrever uma peça é uma vontade antiga?

Não. Me veio a ideia de contar a história de uma noite a dois entre uma mulher e uma barata. Pensei: isso não é livro, acho que é teatro…

Você pode falar um pouco sobre a história?

A história é simples. Uma mulher sozinha em casa dá de cara com uma barata. O marido está demorando, preso na ponte aérea, e as circunstâncias vão fazendo com que essa mulher vire refém da barata. Aí a situação prosaica vira situação-limite, e a trama embarca no duelo delirante entre as duas rivais. Tem muita ação, mas é totalmente psicológica.

Como nasceu esse texto?

Sempre me impressionou o que acontece com a maioria das mulheres diante de uma barata. Nem medo, nem nojo explicam aquilo. Já vi mulheres revelarem aspectos ocultos da sua personalidade! Não é brincadeira, aquilo é muito sério pra elas… Daí surgiu a ideia de radicalizar a situação e levar essa personagem para regiões emocionais que ela própria não conhecia. Quando achei que isso era teatro, liguei para a (atriz) Maitê Proença e perguntei se era mesmo. Ela disse que era. Acho que a Maitê entende bastante de mulher e de teatro. Assim que pude, sentei para escrever e o texto foi saindo mais facilmente do que o normal. Em geral rumino muito. Terminei em um mês, ajudado por uma sequência de viagens de trabalho, porque aeroporto e avião são as coisas que mais me irritam na vida e a peça passou a ser a minha fuga mental. Antes de partir para encenar, pedi ao (diretor) Moacyr Góes que lesse. Respeito muito o Moacyr não só como artista, mas como intelectual. E não doura a pílula! Ele vibrou com o texto, me deu uma dica de dramaturgia, trocar dois fatos de lugar na sequência final, e aí mostrei para a produtora Renata Paschoal, que pôs o projeto de pé.

Algum autor ou obra teatral serviu de influência para você nesse texto?

Tudo que escrevo tem, em alguma medida, a influência do Domingos Oliveira, que pra mim é o papa. Acho que a estrutura de Eu e Ela talvez tenha algo a ver com Carreiras, premiado filme do Domingos que é um grande solo da Priscilla Rozenbaum. E a minha personagem também é uma solista. Carreiras tem origem na peça Profissão Âncora, que o Domingos diz ter chupado de Corpo a Corpo, do Vianninha, mas é mentira. São totalmente diferentes.

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Sua experiência como autor passa principalmente por obras de tom mais documental, especialmente biografias, ainda que com tintas ficcionais. Como é escrever uma história inteiramente fictícia, como Eu e Ela?

Na verdade, as minhas biografias são novelas. Sem ficção, mas sempre extraindo o romance que existe naquela história real. Então, sempre tive que estruturar um enredo, justamente porque o documental em si não me excita. Além de que não sou um bom historiador. A série O Brado Retumbante, que escrevi para a TV Globo com Euclydes Marinho, Denise Bandeira e Nelson Motta, é inteiramente ficcional e me diverti bastante escrevendo. Um dos textos que mais gostei de fazer ultimamente foi o conto que acaba de sair no livro Rio Noir, organizado pelo Tony Bellotto, uma ficção sobre a cidade partida. Mas, de alguma forma, estou sempre apoiado numa base realista.

Você acompanhou o processo da montagem em si? Ou foi um autor que entregou o texto e agora só quer ver na estreia?

Dizem que os diretores preferem autor morto… Mas se o autor está vivo, acho que ele pode e deve ajudar, além de não atrapalhar. Tive a sorte de ter o Ernesto Piccolo como diretor. É um diretor que entende de texto e sabe o que quer. Aí fica fácil. Trabalhamos muito juntos, e o Neco criou soluções muito inteligentes para o que estava escrito. E nós dois tivemos a sorte de ter a Cláudia Mauro como protagonista. O papel é complexo, praticamente um monólogo em que a mesma personagem se multiplica em vários estados de alma. A Cláudia é uma fera, domina o palco com uma força física e psicológica absurda. E o texto ficou simplesmente perfeito na boca dela, ritmo, tom, tudo. Fiquei impressionado. Será que antes de escrever eu sonhei com a Cláudia Mauro falando?

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