Uma conversa com Luciana Bezerra, coordenadora da Mostra Nós do Morro, que neste ano enfoca Shakespeare
Resultado de uma pesquisa dos textos de William Shakespeare, a 16ª edição da Mostra Nós do Morro, atualmente em cartaz, traz três montagens inéditas: Romeu e Julieta, com direção de Fátima Domingues, Era uma Vez a Tempestade – Um Shakespeare para Todas as Idades, dirigida por Cico Caseira, e Domando a Megera, direção de Fernando Mello da Costa. Todas […]
Resultado de uma pesquisa dos textos de William Shakespeare, a 16ª edição da Mostra Nós do Morro, atualmente em cartaz, traz três montagens inéditas: Romeu e Julieta, com direção de Fátima Domingues, Era uma Vez a Tempestade – Um Shakespeare para Todas as Idades, dirigida por Cico Caseira, e Domando a Megera, direção de Fernando Mello da Costa. Todas serão encenadas no Casarão do Nós do Morro (Rua Doutor Olinto de Magalhães, 54, no Vidigal), as duas primeiras aos sábados e domingos, até o dia 2 de agosto, e a última de 7 a 9 do mesmo mês (confira a programação completa aqui).
O blog conversou com Luciana Bezerra, coordenadora da mostra e diretora de projetos do grupo Nós do Morro. Confira:
Como começou a mostra e como ela tem evoluído desde então?
O grupo Nós do Morro tem a missão de oferecer acesso à arte como instrumento transformador do indivíduo, trabalhando a formação, produção e difusão artística. A mostra nasce da necessidade dos alunos apresentarem esse exercício para a plateia, ávida por entretenimento. Desde o início, a ideia da multiplicação esteve presente: atores mais experientes dando aulas a turmas mais jovens. Mas o evento ganhou força e caráter de mostra a partir de 2001, com o primeiro patrocínio da Petrobras. Desde então, anualmente o Nós do Morro leva ao Teatro do Vidigal peças de autores brasileiros e estrangeiros, e também de autores do próprio grupo que têm a possibilidade de desenvolver e exercitar a dramaturgia.
As outras edições tiveram um tema?
Nem sempre usamos um tema específico, isso depende muito do projeto de pesquisa que a companhia vem desenvolvendo. Diversas práticas de montagem apresentadas nas mostras participaram do Festival Estudantil de Teatro do Rio de Janeiro, realizado no CCBB. Alguns conquistaram prêmios como a montagem de Gota d’Água, direção de Miwa Yanagizawa, e Barrela, direção de Paulo Gianinni. Nasceram na mostra como prática de montagem, ganharam status de peça profissional pela sua qualidade e realizaram temporadas em seguida.
O que podemos destacar de relevante na história da mostra?
A mostra costuma mudar o cenário do Vidigal. O público chega cedo e forma fila porque sabe que o espaço é pequeno e depois do terceiro sinal é falta de educação entrar no teatro. Uma plateia formada pela generosidade intelectual praticada pelo grupo, que faz questão de ensinar a seus alunos o quanto um artista depende dele.
Por que Shakespeare? Como foi o processo?
Temos uma parceria de longa data com a Royal Shakespeare Company. Já participamos de diversos fóruns sobre Shakespeare, em Stratford-Upon-Avon. Em 2007, apresentamos Os Dois Cavalheiros de Verona. Iniciamos um ciclo de pesquisa e aulas sobre o tema com nossos alunos aproveitando os 450 anos do aniversário do autor. Duas práticas de montagem e a peça da companhia tiveram início a partir desta pesquisa. As três foram escolhidas pelo perfil das turmas e grupo: Romeu e Julieta, encenada por adolescentes; Era uma Vez a Tempestade – Um Shakespeare para Todas as Idades e Domando a Megera. Não esperem Shakespeare convencional. As montagens têm muitas liberdades e licenças poéticas. São modernas, populares e contemporâneas. É Nós Shakespeare!