Dias atrás, foi anunciado que Mirna Rubim, cantora lírica com experiência em teatro musical, foi escalada para substituir Suely Franco em As Mulheres de Grey Gardens — O Musical a partir desta quinta (18). É uma prova de fogo: o papel de Suely — que precisou se afastar para fazer outra peça, Seis Aulas de Dança em Seis Semanas — é justamente o de uma das protagonistas, ao lado da personagem de Soraya Ravenle (saiba mais sobre o assunto aqui). Familiaridade com o espetáculo Mirna já tinha: foi preparadora vocal do elenco e stand in, aquele artista que pode substituir alguém em uma eventualidade — no caso, de Soraya e da própria Suely.
Ansiosa pela estreia, Mirna falou ao blog sobre o desafio:
“É um desafio de peso substituir um ícone como Suely Franco. Ao mesmo tempo, com a convivência e a observação detalhada de cada intenção medida e despojada dessa grande atriz, estar nesse processo foi para mim um pós-doutorado em interpretação. Na verdade, eu tive o privilégio de acompanhar todo o processo dos ensaios como preparadora vocal e substituta das duas protagonistas. Ajudei Soraya e Suely a solucionar as questões técnicas que envolviam todas canções do espetáculo. Quando a Suely precisou realmente se ausentar e eu tive que assumir as últimas três semanas, as únicas coisas que eu poderia sentir eram pânico, coragem ou covardia. Eu escolhi, como costumo dizer, agarrar o touro pelo chifre. Estudei, estudei. Contei com a ajuda do meu filho, Rodrigo, para decorar os textos. Tive a ajuda da Rafaela Amado, assistente de direção do Wolf Maya, que é o diretor do musical. Passei o espetáculo inteiro diariamente durante quatro semanas. Quanto ao estudo, eu fiz a minha parte. Mas havia aquela voz interna conversando com você, dizendo: “O que é substituir alguém como Suely Franco?” Não tem como. Ela é insubstituível em todos os sentidos. Mas o que eu aprendi durante todo esse processo intenso foi me permitir. Foi romper com a crítica interior e partir para uma entrega à verdade, à minha verdade. A cada dia em que repito o texto, eu me flagro colorindo-o de um jeito cada vez mais espontâneo, honesto e prazeroso. Como tenho sido cantora lírica há muitos anos, falar sempre foi uma ameaça. Grey Gardens representa para mim duas quebras de paradigma: nunca decorei um texto tão longo em toda minha vida e nunca senti tão próximo o sonho de me tornar atriz. Não tenho como expressar minha gratidão à Soraya por sua parceria, vindo ensaiar de quinta a domingo, chegando três horas antes do início do espetáculo para passar as cenas comigo. Sem contar a própria Suely, que passou todas as dicas possíveis e imagináveis sobre marcas e intenções.”