Luis Lobianco, do Porta dos Fundos, entra em Jacinta
Integrante do elenco fixo do Porta dos Fundos, coletivo de humor que virou fenômeno na internet, Luis Lobianco parece até ter começado a carreira com o grupo. Mas a trajetória do ator já vem de longa data: formado pela Casa de Artes de Laranjeiras, aos 31 anos, ele faz teatro profissionalmente desde os 11, e […]
Integrante do elenco fixo do Porta dos Fundos, coletivo de humor que virou fenômeno na internet, Luis Lobianco parece até ter começado a carreira com o grupo. Mas a trajetória do ator já vem de longa data: formado pela Casa de Artes de Laranjeiras, aos 31 anos, ele faz teatro profissionalmente desde os 11, e já acumula quase trinta espetáculos no currículo. No início deste ano, ele foi convocado para uma substituição de emergência em Jacinta, comédia musical em cartaz no Teatro Poeira, com Andréa Beltrão — entrou no lugar de Augusto Madeira, que precisou se ausentar para gravar um comercial no exterior. A partir do próximo dia 28, ele ocupa novamente a vaga do mesmo ator (que, desta vez, vai gravar uma série em São Paulo), e segue com o espetáculo até o término da temporada, no fim de maio. Ironicamente, para embarcar em Jacinta, ele precisará ser substituído em Casamentos e Precipícios, comédia sobre relacionamentos entre casais que ocupa o Teatro Vannucci. Enquanto isso, o ator está na série Copa Hotel, do canal GNT, e integra o elenco do Buraco da Lacraia Dance Show, espetáculo meio burlesco, meio musical, meio comédia — indefinível, enfim — que vem lotando uma boate na Lapa.
A seguir, a conversa que o blog teve com Lobianco:
Para a maior parte do público, Luis Lobianco surgiu com a Porta dos Fundos, mas você já tinha uma estrada. Como foi, resumidamente, o início da sua carreira como ator?
Eu comecei a fazer teatro profissionalmente aos 11 anos de idade, em 1993. Me formei na CAL em 2002, e estive nos espetáculos SURTO, Pout-PouRrir, Calabar, entre outros. Se contar acho que já são quase trinta espetáculos no currículo.
Não é a primeira vez que você substitui um ator em Jacinta. Como foi na primeira substituição?
Eu estive na peça em janeiro, substituindo o Augusto Madeira, e retorno no lugar dele, de novo. Quis fazer mais do que substituir alguém, simplesmente. Tratei da coisa como uma estreia. Ensaiei durante um mês, doze horas por dia. É um musical de duas horas e nenhum ator deixa o palco em momento algum. Eu precisava estar muito seguro. Como dizia a Andréa, “vamos fazer tudo para você entrar surfando”. Esse processo foi fundamental pra eu me envolver com essa equipe, que é muito especial. Fiz amigos ali. E o Poeira é uma casa. A produção me abriu o teatro para ensaiar o quanto eu quisesse. Tudo foi feito para o artista se sentir muito bem.
Como é trabalhar com a Andréa e com o Aderbal Freire-Filho, diretor do espetáculo?
Sempre e fui muito fã da Andréa. Sem dúvida, ela é uma das maiores artistas da nossa época. De perto, eu entendo um pouco mais o porquê disso. Ela é superpontual, a primeira a estar pronta para a passagem de som, e nunca se dá por satisfeita, sempre busca o melhor. Além de tudo, agora ela é minha amiga, olha que chique! O Aderbal é uma presença maravilhosa. Dá todo o espaço para o ator criar e contribuir. É um diretor que reverencia a arte com seus espetáculos. Jacinta é uma declaração de amor ao teatro e à arte de atuar.
Sobre Casamentos e Precipícios, como você embarcou no projeto e como tem sido a temporada?
É uma comédia de Daniel Adjafre. Recebi o convite pelos meus amigos Antonio Fragoso e Patricia Batitucci, atores e produtores da peç,a que tem também no elenco a atriz Juliana Guimarães. É a história de duas mulheres vivendo um casamento estagnado, um médico cafajeste, e eu faço o marido acomodado e inerte. É um Closer (filme do diretor Mike Nichols, de 2004) do humor, em moldes de vaudeville. Fizemos uma temporada vitoriosa no porão do Laura Alvim e agora estamos às sextas e sábados no Vannucci, com casa lotada!
Você agora será substituído em Casamentos, no caminho contrário do que você fez em Jacinta, onde você é quem substituiu o titular. Quem fica no seu lugar e como foi o processo?
Quem entra no meu lugar é Alex Nader. Trabalhamos superafinados, somos todos muito amigos e por isso tivemos o cuidado de trazer esse cara que, além de bom ator, é um grande parceiro. Já trabalhei com o Alex em outros dois espetáculos, confio plenamente. O Alex é superrrápido e eu também, então já está tudo pronto para a estreia dele. Sempre dá uma saudade dos personagens, mas logo começa um novo processo e nos envolvemos com outra história. Ficam todos na lembrança com muito carinho.
Quem conhece o seu trabalho na Porta dos Fundos sabe que existe ali um espaço para cacos. Você gosta de trabalhar isso também no teatro ou no palco você se contém mais?
Caco é perigoso quando você usa porque não sabe o texto. A lógica deve ser: você sabe falar tão bem o seu texto que tem segurança para até colocar um caco. Isso serve para o Porta dos Fundos e para o teatro da mesma forma. Sempre procuro ser rigoroso com o que está escrito, mas tenho alma de comediante e no meio de uma boa situação em cena, corro pro gol.
Você está no elenco de um dos maiores sucessos “underground” (que já está virando mainstream…) da temporada, o Buraco da Lacraia Dance Show. O que é, afinal, esse espetáculo, e como você entrou nele?
Eu e mais oito amigos criamos o Buraco da Lacraia Dance Show há um ano, em parceria com a boate de mesmo nome. Nos encontrávamos sempre depois de nossos espetáculos ou em aniversários, e cantar no karaokê de lá era o ponto alto dos encontros. Veio a ideia de criar uma peça-cabaré que tivesse esse clima. É um espetáculo musical, todo feito com bases musicais de karaokê, e com referências do burlesco, Cassino do Chacrinha, show de mulata, teatro de revista. É politicamente incorreto e transgressor. O que escuto é que não tem nada parecido acontecendo há muito tempo. E desde a estreia temos casa lotadíssima. Virou um ponto de encontro de artistas, famosos, formadores de opinião e todo mundo que tem humor. A mesa dos meus parceiros do Porta dos Fundos é cativa. Acontece toda sexta, com show de abertura da (atriz e cantora) Simone Mazzer.
O que você pode nos contar sobre o seu personagem em Copa Hotel, série do GNT?
No Copa Hotel eu faço o delegado Gomes, um sujeito bem suspeito e marginal, com certo ar blasé. É um personagem bem diferente de tudo que já fiz, mas mesmo assim há espaço pra humor sutil e bem dosado.