Diretor Ivan Sugahara fala sobre a Sede das Cias, que será inaugurada hoje
Começa oficialmente hoje, sexta (2), uma bela iniciativa na cena teatral carioca: a Sede das Cias. Trata-se de um novo projeto de ocupação do imóvel na Lapa, junto à Escadaria Selarón, onde funcionou durante quase uma década a sede da Cia dos Atores. Agora, o local passa a ter mais dois inquilinos: os grupos Os […]
Começa oficialmente hoje, sexta (2), uma bela iniciativa na cena teatral carioca: a Sede das Cias. Trata-se de um novo projeto de ocupação do imóvel na Lapa, junto à Escadaria Selarón, onde funcionou durante quase uma década a sede da Cia dos Atores. Agora, o local passa a ter mais dois inquilinos: os grupos Os Dezequilibrados e Pangeia Cia. de Teatro. A programação começa hoje mesmo, com A Serpente, última montagem dos Dezequilibrados, a partir do texto de Nelson Rodrigues, que volta aos palcos e será apresentada às sextas e sábados. No domingo, reestreia Últimos Remorsos Antes do Esquecimento, peça do mesmo grupo, encenada pela primeira vez em 2007. Quem dirige ambos os espetáculos é Ivan Sugahara, também diretor artístico e um dos curadores do espaço (na foto acima ao lado de Tárik Puggina, diretor de produção da Sede das Cias). Ele conversou com o blog sobre o que o público pode esperar dessa ocupação compartilhada. Confiram:
Como surgiu o projeto da Sede das Cias?
Quando a Cia dos Atores soube que iríamos inscrever Os Dezequilibrados no edital de Manutenção de Grupos e Companhias de Teatro da Petrobras, eles nos perguntaram se gostaríamos de coabitar a sede deles. Adoramos a proposta. O teatro é uma arte do coletivo, daí a importância do teatro de grupo. Uma sede é o sonho de todo grupo, porque representa justamente uma casa para o desenvolvimento e aprofundamento do seu trabalho. E uma sede ocupada não apenas por um único grupo, mas por um coletivo de grupos torna-se um espaço ainda mais interessante, tanto pela possibilidade de intercâmbio quanto pela força que qualquer tipo de união gera. Portanto, o espaço passa a se chamar Sede das Cias, abrigando também a jovem Pangeia Cia. de Teatro, de modo que serão três gerações de companhias convivendo, o que é extremamente estimulante.
Como essas companhias vão se relacionar artisticamente no espaço da Sede das Cias? Quais são as ideias de interação e intercâmbio previstas?
As possibilidades de colaboração entre as companhias são muitas. Já temos programada a montagem de um novo espetáculo interpretado por Cristina Flores, dos Dezequilibrados, e dirigido por Diego de Angeli, diretor da Pangeia. Isso é apenas um exemplo. Eu já dirigi um espetáculo da Cia dos Atores junto com o Enrique Diaz em 2004, chamava-se Notícias Cariocas. Foi um vivência incrível. Mas eu adoraria fazer um espetáculo juntando os atores das duas ou então das três companhias.
Qual será a linha da programação teatral do espaço?
A curadoria do espaço será feita por mim em parceria com o Diego de Angeli. Como somos a Sede das Cias, a programação será voltada primordialmente para grupos de teatro, privilegiando o formato de repertório. Ou seja, a ideia é que os grupos entrem em cartaz com duas ou três peças, além de oferecer uma oficina, de modo que o público possa ter um amplo conhecimento do seu trabalho e dos seus processos. Para o lançamento do projeto, escolhemos dois espetáculos do repertório dos Dezequilibrados. A Serpente, que é a nossa peça mais recente, e Últimos Remorsos Antes do Esquecimento, que fizemos em 2007. Ambas as peças abordam triângulos amorosos, uma forma de relação afetiva que foge ao convencional. Este elo temático aponta para o novo projeto dos Dezequilibrados, que vamos começar a desenvolver na Sede no ano que vem.
No que diz respeito a espetáculos inéditos, o que podemos esperar para ver na Sede das Cias no futuro próximo?
Este novo trabalho dos Dezequilibrados, que faz parte do projeto patrocinado pela Petrobras, chama-se, provisoriamente, História do Amor, e se propõe a retratar a evolução do relacionamento amoroso ao longo dos tempos. A peça visa pensar o amor não como uma coisa biológica e inerente à natureza humana, mas como mais uma invenção do ser humano, sujeita a constantes alterações. O objetivo final é mostrar como a relação amorosa entre duas pessoas se modificou profundamente através dos séculos, até se estabelecer como a praticamos e entendemos nos dias de hoje.
Além dos espetáculos, que outros projetos voltados para o público estão sendo desenvolvidos?
Todos os meses a Sede das Cias vai oferecer uma oficina gratuita ministrada por integrantes das companhias que estiverem em cartaz. No mês de agosto, a Cristina Flores, atriz dos Dezequilibrados, vai fazer uma oficina chamada Laboratório de Agoras, que tem como foco uma pesquisa objetiva: “Como criar acontecimentos em cena? Onde mora o acontecimento? O que acontece? Qual a diferença entre ato e representação?” Os interessados podem se inscrever pelo email sededascias@nevaxca.com.br e a oficina é indicada pra atores de qualquer idade, bailarinos, performers, cantor ou qualquer pessoa que use a cena para expressão.