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O rastaman da Baixada

No final dos anos 80, garotos da Baixada começaram a chamar atenção com um som entre o pop, o funk e o reggae, aliado a letras sobre a realidade da periferia carioca. Nos palcos da cidade, reuniam-se em bandas como KMD-5 e Lumiar. Baterista do primeiro grupo, Marcelo Yuka, que era de Campo Grande, mas […]

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h53 - Publicado em 8 nov 2013, 20h35
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Ras Bernardo: pioneiro do reggae carioca lança terceiro disco solo no Studio RJ

Ras Bernardo: pioneiro do reggae carioca lança terceiro disco solo no Studio RJ

No final dos anos 80, garotos da Baixada começaram a chamar atenção com um som entre o pop, o funk e o reggae, aliado a letras sobre a realidade da periferia carioca. Nos palcos da cidade, reuniam-se em bandas como KMD-5 e Lumiar. Baterista do primeiro grupo, Marcelo Yuka, que era de Campo Grande, mas sempre se virou em qualquer quebrada carioca, viria a fundar O Rappa. A turma do Lumiar, depois de descobrir que havia outro conjunto com o mesmo nome, passou a atender por Cidade Negra. Fundador e ex-vocalista da hoje conhecida banda de reggae, Ras Bernardo fez parte do sucesso inicial do Cidade Negra. Chegou a gravar os dois primeiros discos do quarteto (com Bino, no baixo, Lazão, na bateria, e Da Gama, na guitarra), Lute para Viver e Negro no Poder, e participou de excursões da banda pela Europa e pela Jamaica, mas caiu fora em 1993. A carreira solo o levou ao terceiro disco, Direção ao Leste, razão de ser da apresentação que faz na quinta (14), no Studio RJ. Nesse link AQUI você ouve algumas do novo álbum e conhece melhor o trabalho do guerreiro Francisco Bernardo Rangel.

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FALA RAS BERNARDO 

Para onde o novo disco te empurrou? O que há de novidade em relação aos trabalhos anteriores?
Acho que estou menos radical do que no início, mas sigo com os mesmos propósitos, de mandar uma mensagem. Na música, como em tudo, a gente evolui através do tempo, o que é ótimo. Estou procurando uma linguagem universal do reggae, com elementos de dancehall, de new roots. Ando ouvindo Sizzla, Luciano,  Turbulence.

Quem te acompanha no palco?
Estou com uma galera fiel, que gravou o disco e faz os shows comigo, estamos juntos há quase dez anos. É a QG Imperial, de Fabricio (bateria), Lucas (teclado), Fernando (guitarra) e Ras Tael (baixo).

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Lançar um disco novo é uma alegria. Seu sentimento de felicidade deve ser ainda mais intenso, depois do susto que foi o incidente do ano passado (Ras Bernardo foi baleado por um vizinho, após uma discussão tola iniciada pelo agressor). Você está totalmente recuperado?
Graças a Deus, sim. Levei quatro tiros, pegaram meio de lado na barriga, furou um pouco o estômago. Doutora Taís, uma menina novinha, mas uma fera, me salvou. Fui parar no Hospital da Posse, o melhor hospital balístico da Baixada, eles estão toda hora costurando um cara de tiro, facada, essas coisas. Estou inteiro, não sinto nada.

Voltando um bocado no tempo: por que você saiu da Cidade Negra?
Foi em 1993, há vinte anos. Na época nós tínhamos um estilo, uma preocupação maior com a questão social, mas eles foram para um outro lado, a cabeça da galera tinha mudado um pouco. Teve a história de Aluga-se, do Raul Seixas, que eu não quis cantar, nós já tínhamos gravado outra dele (Mosca na Sopa) recentemente, rolou a discussão e eu preferi sair. Todos seguimos nossos caminhos, somos amigos hoje, fazemos trabalhos juntos, está tudo certo.

Jimmy Cliff, astro do reggae, participou da gravação de Mensagem, no primeiro disco do Cidade Negra, e vocês o levaram para conhecer Belford Roxo, terra natal dos músicos. Você lembra desse passeio?
Ele foi dar uma volta na área, passeou pelo nosso gueto na maior tranquilidade, a galera tirou um monte de fotos. Ele achou o lugar sofisticado, comparado com a situação na Jamaica. Depois, quando estive na Jamaica, vi que ele estava certo. Lá é brabo, rapaz. Voltei mais patriota.

 

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