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Blue Note carioca: vem aí o cineasta e clarinetista Woody Allen

Inaugurada ontem, no Lagoon, a filial da prestigiada casa de jazz nova-iorquina Blue Note promete retomar a tradição de boa música da cidade

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 ago 2017, 15h51 - Publicado em 31 ago 2017, 15h49
BLUE NOTE CRED Felipe Panfili
A banda Brazil All Stars recebe a cantora Taryn Szpilman: na noite de abertura (Felipe Panfili/Divulgação)

Bela sacada surgida na redação da revista inglesa The Economist, o índice Big Mac calcula o preço do famoso sanduba em mais de 100 países e, através da comparação dos valores apurados, chega a relevantes conclusões sobre a economia das nações pesquisadas. Fica aqui a sugestão de um parâmetro mais abstrato, mas não menos preciso, de avaliação do nível de desenvolvimento de uma sociedade: o índice Blue Note. A ideia é simples. O lugar tem uma filial do famoso e prestigiado clube de jazz nova-iorquino? É, portanto, mais civilizado do que outro sem um palco da conhecida grife de boa música. Figuram nessa seleta lista os estados americanos da Califórnia e do Havaí, a italiana Milão, as japonesas Tóquio e Nagóia, Pequim (China) e, desde ontem, o Rio de Janeiro. A boemia carioca, a música brasileira e o país viveram anos promissores entre a segunda metade dos anos 40 e a década de 60, quando pululavam pelas cidade endereços como Sacha’s, Vogue, Cangaceiro, Little Club, Night and Day e Monte Carlo, entre tantos outros. Nesses espaços apertados se ouvia a melhor música do mundo. Sério, para saber mais sobre o assunto, leiam o primoroso livro A Noite do Meu Bem, de Ruy Castro. O fenômeno foi revivido, em menor escala, na virada dos 80 para os 90 do século passado, com shows antológicos no Jazzmania, no Rio Jazz Club, no Mistura Fina e no People, todos fechados há tempos. Daí que o Blue Note Rio, inaugurado ontem, no Complexo Lagoon, com interpretações infernais da Brazil Jazz Stars – o time de craques formado para a ocasião, por Renato Massa (bateria), Arthur Maia (baixo), Jessé Sadoc (um monstro do trompete), Marcelo Martins (sax), João Castilho (guitarra) e Marco Brito (piano) abriu os trabalhos de forma apropriada, com os hinos Coisa Nº 5, de Moacir Santos, e Caravan, de Duke Ellington – chega com a missão de devolver à nossa cidade seu lugar de destaque na cena do jazz, entendido aqui como um som sofisticado, tremendamente bem tocado e curtido através de deliciosa comunhão entre quem está no palco e o povo nas mesas, tomando umas e outras. Foi bebendo, aliás, que um dos sócios da bela casa, com 350 lugares, cardápio do chef Pedro de Artagão e equipamento de som nos trinques,  comentou que, na programação já definida, Woody Allen está escalado para abril de 2018. Antes, ainda este mês, são aguardados bambas do naipe dos brasileiros Jards Macalé e  Sergio Mendes, do americano Maceo Parker e da cabo-verdiana Mayra Andrade. Longa vida ao Blue Noite carioca.

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