O Rio nos tempos de Baderna
Há duas semanas a leitora Marília Rydlewski deixou um recado no Facebook do blog perguntando se eu conseguiria alguma imagem de seus trisavós. Ele o maestro toscano Gioacchino Giannini, professor de Carlos Gomes no Conservatório de Música que viveu no Brasil na segunda metade do século 19. Ela, a bailarina Marietta Baderna que, depois de fazer […]
Há duas semanas a leitora Marília Rydlewski deixou um recado no Facebook do blog perguntando se eu conseguiria alguma imagem de seus trisavós. Ele o maestro toscano Gioacchino Giannini, professor de Carlos Gomes no Conservatório de Música que viveu no Brasil na segunda metade do século 19. Ela, a bailarina Marietta Baderna que, depois de fazer história nos palcos cariocas, passou a dar aulas de balé. Encontrei alguma informação sobre os dois protagonistas dessa saborosa história de amor surgida nas coxias dos teatros Lyrico Fluminense e de São Pedro de Alcantâra e, através deles, um pouco mais sobre o cotidiano carioca.
Gioacchino era um tipo temperamental. Em junho de 1848, o nome do maestro, que já ocupava o cargo de mestre da Capela de Sua Alteza Real e arrancado elogios da imprensa por ter montado uma opera em nove dias, aparece na lista de pessoas despachadas para a Europa. Não se registra o motivo tampouco se a determinação policial tenha sido realmente cumprida, pois em outubro do mesmo ele já estava de volta numa apresentação que contou com a presença do príncipe regente. A baqueta abaixo pertenceu a Giannini e faz parte do acervo Carlos Gomes (Museu Imperial).
A bailarina Marietta Baderna conquistou a crítica logo nas suas primeiras apresentações, tendo marcado época com o Lago das Fadas. Em 1849, ela era a sexta artista mais bem paga dos funcionários do Theatro São Pedro de Alcântara. Um ano depois da morte de Gioacchino, Baderna volta para a Europa com os filhos. Em 1864, a bailarina está de volta à cidade e aos palcos.
Além dos teatros onde o casal fez história, o Cassino Fluminense era um dos principais endereços de diversão da elite carioca. Os anúncios em jornais revelam uma cidade com serviços como o de um dentista que usava o slogan “arrancar não é curar, é destruir”. Também se vendiam fogões e máquinas de costurar francesas, instrumentos para missas e instrumentos musicais. O Hotel Brisson tinha como diferencial a mesa redonda à qual chegavam pratos preparados por um “perito cozinheiro, recentemente chegado de Paris”.
Acima, a primeira imagem da montagem é da época que Baderna ainda dançava no Scala de Milão; em seguida vemos detalhes de uma gravura Friedrich Pustkow retratando o Theatro de São Pedro de Alcântara e de um mapa feito por Edward Gotto, em 1866 (acervo da Biblioteca Nacional); e em seguida detalhes de anúncios de jornal, sendo que este último retrata o Largo de São Francisco de Paula