Quiosque do Luiz: a delícia de um cantinho diferente na Ilha do Governador
Numa esquina no bairro da Ribeira, o bar chama atenção pelos chopes artesanais e pela hospitalidade dos donos
Sábado desses embarquei numa aventura na Ilha do Governador. O programa, de início, era a Feijoada da União da Ilha, a querida escola de samba azul, vermelha e branca da nossa cidade. Convite feito pela musa, Tatiana Breia Loiola, que nos recebeu na quadra e queria eu conhecesse o enredo para o próximo carnaval. A Ilha desfila em 2025 com “BA-DER-NA! Maria do Povo”, homenageando a bailarina italiana que se radicou no Brasil no tempo do Império, Marietta Baderna, cujo sobrenome acabou entrando para o dicionário como sinônimo de grande confusão.
Mas o que não estava no roteiro daquela noite é que acabaríamos em um outro lugar muito interessante que existe por ali, no bairro da Ribeira. Da quadra da União da Ilha fomos para o Quiosque do Luiz, a convite da Catinha Coelho, a agitadora cultural local que organiza o bloco Batuke de Batom, do qual sou madrinha. E que lugar incrível é o Quiosque do Luiz. Fica numa daquelas ruas da Ilha que parecem cidade do interior, numa esquina com mesinhas na calçada. No cardápio, chopes artesanais feitos pelo próprio dono e pratos à base de porco, como o torresmo de rolo, prato premiado, além de joelho e linguiças artesanais.
Seria como tantos outros do estilo, não fosse a hospitalidade do casal, dos donos da casa, Luiz, com seu chapéu amarelo, e Luciene, a Lu. A cordialidade é tanta, com aquele chapeleiro indo de mesa em mesa para receber as pessoas, que dá vontade de sentar e ficar por ali. O Luiz pode estar com seu chapéu amarelo, ou o de viking ou ainda a peruca, e vai recebendo quem chega. Já a Lu é quem fica no comando das coisas, sugerindo bebidas e comidas, entendendo o gosto de cada um.
O bar conta com uma programação musical ao vivo, de sexta a domingo, mais voltada pro rock que, como diz a Lu, combina com a cultura do chope artesanal. No dia em que eu fui era rock nacional.
A Ribeira é um bairro muito interessante. Com uma praia tranquila, reúne bares, restaurantes e quiosques ao seu redor. Foi justo num destes, à beira-mar, que o Luiz e a Lu começaram o negócio, em 2022. E cresceu tanto, que tiveram que se mudar para um lugar maior. O sucesso veio quando mudaram a carta de cervejas, trazendo também os chopes artesanais da fábrica do Luiz, em Friburgo. Ao mesmo tempo, sabiam que precisavam aumentar a oferta de petiscos do cardápio.
“Quando iniciamos, as opções eram poucas e queríamos alguma coisa diferenciada. Aí pesquisamos o que ainda não tinha de oferta na Ilha e escolhemos os pratos com o porco. Começamos com as linguiças até chegar ao torresmo de rolo, que acabou virando nosso carro-chefe”, conta a Lu.
Nas terças de carnaval, quando o Batuke de Batom desfila e passa ali na porta carregando suas dez mil pessoas, o bar se transforma numa espécie de camarote para ver o bloco passar. Desde o início, no tempo do quiosque, eles sempre apoiaram o bloco e o carnaval de rua daquele cantinho delicioso. É o que eu digo sempre: o Rio e suas surpresas. Que delícia de noite foi aquela.
Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.