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Por Rita Fernandes, jornalista
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Quatro festivais em um e múltiplos olhares sobre o que há de novo por aí

Multiplicidade, Ultrasonidos, NFT.Rio e 2050 + Studio Krya apresentam residências artísticas, instalações, debates, festas e shows, numa imersão artística

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2 nov 2023, 11h29

O futuro é aqui e agora. E o passado também. Com o tema “É ontem”, o Festival Multiplicidade, pioneiro na fusão de imagens e sons inusitados, realiza sua edição de comemoração dos 18 anos e vem com uma dose ainda maior de ousadia e criatividade. Se um festival só já era bom, imagine quatro em um.

No ano em que celebra sua maioridade, o Multiplicidade abraça três outros festivais: Ultrasonidos, NFT.Rio e 2050 + Studio Krya, nessa ordem, com residências artísticas, instalações, debates, shows e festas. Essa grande imersão no mundo da arte acontece entre os dias 3 e 26 de novembro, no Futuros – Arte e Tecnologia e no LabSonica – o laboratório de experimentação sonora e musical do instituto Oi Futuro, no Flamengo.

A ideia é justamente essa: reforçar o conceito de multiplicidade e misturar olhares através de curadorias convidadas, com uma programação que coloca o visitante em diferentes dimensões de realidade. A proposta é fazer interconexões entre movimentos investigativos de uma nova arte, sonora, visual, experiencial. É como promover o diálogo de diferentes línguas, mas que têm uma mesma raiz. Ou juntar olhares que, no fundo, mesmo buscando diferentes ângulos, se encontram em pontos convergentes de uma mesma direção.

“O Multiplicidade nasce de minha intensa curiosidade em embaralhar as fronteiras das linguagens artísticas e dessa vez, trazendo novas curadorias na programação”, diz Batman Zavareze, o visionário idealizador do Multiplicidade. E esse tema tem a ver com a urgência, com o olhar para nossas ancestralidades, com a diversidade”, acrescenta ele.

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Ultrasonidos: um universo latino de experiências

O Ultrasonidos, que está em sua segunda edição, idealizado por Carlos Albuquerque e Batman Zavareze, abre essa viagem no dia 3 de novembro. O festival é um prato cheio para quem quer mergulhar na mistura de linguagens e na aproximação do Brasil com o universo latino ao seu redor. A música é o fio condutor e o festival promove residências de artistas sul-americanos e brasileiros da cena atual, além de debates, festas e shows.

A multi-instrumentista Kaleema faz residência artística com a cantora
A multi instrumentista Kaleema. (Paola Lambertin/Divulgação)

Destaque para a participação das duplas inéditas, cada uma delas formada por uma artista sul-americana e um convidado brasileiro, para residências que ocupam o estúdio e a área de ensaios do LabSonica. Da rica cena musical argentina vêm a dupla vocal Fèmina e a multi-instrumentista Kaleema, que vão se juntar, respectivamente, ao tecladista afrofuturista Jonathan Ferr e à cantora e compositora Filipe Catto.

Como resultados das residências, as duplas serão estimuladas a gravar pelo menos uma música inédita e preparar uma apresentação conjunta no teatro do Futuros – Arte e Tecnologia. A programação inclui também um debate sobre a complexa relação da música brasileira com a dos países de língua espanhola ao seu redor, e intervenções do percussionista argentino Agustin Rios, do projeto Tambores de América.

“O lema do Ultrasonidos – criar pontes em vez de muros – segue cada vez mais atual, dolorosamente atual, num mundo cheio de barreiras e bloqueios”, explica Carlos Albuquerque, o Calbuque. “É um evento para criar laços e estimular contatos, não só entre esses artistas e os convidados nacionais, mas para o público em geral. Precisamos olhar mais para a cultura que está ao nosso redor, em vez de só mirar no que vem dos EUA e da Europa. E os sons ao nosso redor são interessantíssimos, em todas as suas variações”, completa.

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Escutar para ver

Na segunda semana do projeto, entre os dias 08 e 12 de novembro, é a vez de o Festival Multiplicidade celebrar os seus 18 anos. E fará isso com uma seleção de conteúdos de sua trajetória, sintetizados na instalação sonora “Quer Ver, Escute”, um contraponto ao conteúdo baseado em imagens que tem sido uma das marcas do festival, e do trabalho de Batman.

“Esse é uma instalação que nos deixa nus, diante de muitos anos investindo nas pesquisas visuais. Por isso, a intenção é que as pessoas fechem os olhos para escutar melhor. Será um grande remix dos nossos 18 anos contados em 18 minutos numa experiência exclusivamente sonora”, explica o idealizador do Multiplicidade.

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A obra vai ser exposta no 4º andar do Futuros – Arte e Tecnologia, e contará com o suporte do grandioso Sound System (também conhecido como paredão de som) do Digitaldubs. Aí é que entra o terceiro festival, o NFT.Rio, comandado por Marcus MPC, do Digitaldubs, também em segunda edição. Entre os dias 15 e 19 de novembro, o evento internacional dedicado à arte e à cultura do NFT, vai incluir exposições, talk shows, performances, encontro de comunidades e workshops.

Entre os destaques da exposição principal do NFT.Rio, há a colaboração de algumas das maiores coleções de arte digital do mundo, como The Medici Collection, do misterioso Cozomo de Medici, cuja identidade já foi atribuída ao músico Snoop Dogg (com obras de Refik Anadol e Beeple), Vincent Van Dough (com Jake Fried e Omentejovem), ArtBlocks (a principal plataforma de projetos de arte generativa) e mais.

O NFT.Rio vai exibir também o novíssimo trabalho “Winds of Yawanawa”, de Refik Anadol (celebrado artista turco, radicado nos EUA) e o povo Yawanawa: uma representação visual abstrata da Amazônia, que usa dados da floresta, analisados em tempo real por sistemas de inteligência artificial, para criar imagens de partículas em movimento. Já a atriz e cantora Thalma de Freitas conduz um bate-papo com convidados sobre mercado da música e as possibilidades que se abrem com NFTs, no dia 15 de novembro.

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Por fim, 2050 + Studio Krya, parceria com os coletivos da favela do Santo Amaro, no Rio, ocupa o Futuros – Arte e Tecnologia entre os dias 22 e 26 de novembro, com diversas atividades. 2050 + Studio Krya é um conjunto de iniciativas pensadas e criadas para promover, de um lado, a favela como centro de tecnologia e inovação e, do outro, a ancestralidade como perspectiva de futuro. Além de uma exposição fixa, entre 08 e 26/11, mostrando o trabalho dos artistas Rxbisco, Clyckbycria, Gean Guilherme, Velez e Ottis, da comunidade do Santo Amaro, no Rio, o evento vai trazer a palestra Encruzilhada tecnológica: robô não faz macumba, com o professor de língua e cultura yorubá da UFRJ Bàbá Ọ̀nà e outros convidados. Discussão profunda de como o pensamento ocidental molda nossa compreensão das tecnologias e como podemos decolonizar nosso letramento digital. Destaque também para o Metabaile, uma experiência imersiva multimídia, que integra os universos físico e digital, com o DJ Crazy Jeff, do Santo Amaro, e dançarinos.

“Ao criar uma programação além de curadores convidados, trouxemos projetos e festivais artísticos autorais que já têm sua própria relevância na cidade, com a intenção de buscar as interseções culturais nas muitas bolhas que naturalmente navegamos para ressignificar a forma como estamos realizando cultura na cidade e no Brasil. Vamos vencer”, resume Batman, o comandante dessa grande nave que decola amanhã.

A programação completa está em https://www.multiplicidade.com/website/programacao.php. O festival é totalmente gratuito.

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Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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