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Rita Fernandes

Por Rita Fernandes, jornalista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Noite de muito forró no Circo Voador com Mariana Aydar e Mestrinho

Show marca lançamento do álbum que reúne os dois artistas, cujas carreiras são dedicadas ao ritmo nordestino, e noite terá a participação de Forroçacana

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24 Maio 2024, 11h12
Mariana Aydar e Mestrinho lançam seu primeiro disco em conjunto no Circo Voador.
Mariana Aydar e Mestrinho lançam seu primeiro disco em conjunto. (Autumn Sonnichsen/Divulgação)
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Vai ter forró no Circo Voador nesta sexta (24), e será com ela, uma das mais jovens cantoras que tem dedicado parte da sua carreira ao ritmo musical nordestino que anda em alta pelo país. Mariana Aydar sobe ao palco do Circo Voador acompanhada de outro expoente do forró, o jovem sanfoneiro Mestrinho, para o show de lançamento do álbum “Mariana e Mestrinho”. E para esquentar ainda mais a noite, a banda Forroçacana também participa da festa, celebrando seus 27 anos. Ou seja, é ocasião para dançar e dançar, juntinho ou separadinho.

E música boa é o que não vai faltar. Além das faixas do novo trabalho, o setlist vem recheado de clássicos brasileiros, como Lamento Sertanejo e Pedras que Cantam, além de um pot-pourri em homenagem a Luiz Gonzaga. Das canções do novo álbum, destaque para Preciso do Seu Sorriso, as inéditas e autorais Boy Lixo e Até o Fim (com participação no disco de Gilberto Gil) e Te Faço um Cafuné, que faz parte da trilha sonora da novela “Renascer”. Mariana e Mestrinho prometem ainda muitas surpresas pra tornar inesquecível esse encontro.

A banda tem direção musical de Fejuca e conta com Magno Vito (baixo), Feeh Silva (zabumba e triângulo), Rafa Moraes (violão e guitarra) e Léo Rodrigues (percussão). A direção do show é de Marcus Preto, um craque, que já cuidou de espetáculos de Gal Costa, Nando Reis, Simone e Adriana Calcanhotto. O cenário é assinado por Omar Salomão.

Mariana e Mestrinho

Foi outro mestre do forró que uniu os dois artistas, há dez anos. Eram os últimos momentos de vida de Dominguinhos, um dos maiores nomes da música popular brasileira. Àquela altura, a cantora e compositora Mariana Aydar filmava um documentário dedicado à trajetória do artista. Ia visitá-lo com frequência no hospital e, invariavelmente, esbarrava na recepção com a mesma figura, um sanfoneiro e sua sanfona. Mestrinho não falhava um dia em sua missão de levar música a Dominguinhos.

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O amor comum dos dois jovens artistas pelo mesmo mestre criou neles laços profundos, artísticos e afetivos. Primeiro, eles se tornaram parceiros de palco e correram o Brasil e o mundo em dezenas de shows inesquecíveis. Agora, esses mesmos laços se desenrolam no álbum de estúdio “Mariana e Mestrinho”, que ambos lançam em parceria. Produzido por Tó Brandileone (5 a Seco), o trabalho conta muito dessa história, incluindo repertório completamente inédito e também clássicos do forró.

Mas o caminho até o álbum em dupla foi longo. Fizeram o primeiro registro juntos durante a pandemia, no festival Coala de 2020, em uma versão virtual. Ali já se estabeleceu a química artística entre os dois e um álbum que registrasse essa afinidade se tornou inevitável. Entraram em estúdio no ano passado com o plano de construir um som que fosse a junção das estéticas de ambos, sem pender para nenhum dos dois lados. Por isso, optaram por um produtor que nunca havia trabalhado com ela ou com ele, individualmente. Chegaram logo ao nome de Tó Brandileone.

O repertório levantado também buscou equilíbrio entre reverenciar a história do forró pé de serra e criar novos clássicos, ou seja, trazer canções inéditas que pudessem animar futuras pistas de dança. Mais do que isso, Mariana quis colaborar com a amplificação de um discurso feminino no forró, um ambiente predominantemente machista. Era preciso, portanto, gravar novas canções que trouxessem a mulher para o centro da narrativa, como personagem principal, e não mais como coadjuvante da narrativa masculina.

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Nessa intenção, compôs “Boy Lixo” (Mariana Aydar/ Fernando Procópio/ Tinho Brito) e ganhou “Alavantu Anahiê” (da dupla pernambucana Isabela Moraes e PC Silva). Essa última, traz as vozes de Isabela Moraes e de Juliana Linhares, que se juntam a Mariana em participações especiais. Zeca Baleiro enviou a lírica “Dádiva”, escrita especialmente para este álbum. E o próprio Mestrinho escreveu “Eu Vou”. Quem divide os vocais com Mariana e Mestrinho em “Até o Fim” (Mestrinho) é Gilberto Gil, outro nome fundamental para a quebra de fronteiras entre o forró e toda a música brasileira.

Do repertório clássico do forró, Mariana e Mestrinho reagravam “O Filho do Dono”, sucesso de Petrúcio Maia de viés político, social e ambiental. Uma pérola mais conhecida na cena forrozeira do que em outros ambientes. E a romântica “Ninguém Segura o Nosso Amor” (João Silva/ Iranilson), gravada por Mestre Zinho nos anos 1990. Um dado pessoal: João Silva já foi padrasto de Mestrinho e também é autor de “Preciso do seu Sorriso” (João Silva/ Enok Virgulino), que entra no álbum como uma das homenagens a Dominguinhos. As outras regravações do repertório do mestre que uniu musicalmente Mariana Aydar e Mestrinho são “Te Faço um Cafuné” (Zezum), gravada por Dominguinhos no álbum “Isso Aqui Tá Bom Demais” (1985), e “Cheguei pra Ficar” (Dominguinhos/ Anastácia), pequena obra-prima lançada pelo autor no cultuado LP “Domingo Menino Dominguinhos” (1976).

Mestrinho toca acordeon em todas as faixas do disco. Completam o time de músicos do álbum os craques Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão). Multi-instrumentista, o produtor musical Tó Brandileone tocou violões, guitarras, baixos, sintetizadores e percussões por todo o álbum.

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Todas as faixas estão disponíveis nas páginas oficiais do Youtube de Mariana Aydar e Mestrinho. E quem quiser conferir ao vivo tudo isso e dançar sem parar que vá ao Circo Voador. Anarriê!!

Rita Fernandes é jornalista, escritora, pesquisadora de cultura e carnaval.

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