Naná Vasconcelos é homenageado no show “Amém & Amem”
Tributo reúne Virgínia Rodrigues, Zé Manoel, Lucas dos Prazeres e Marivaldo dos Santos, na Caixa Cultural.

Imperdível o show “AMÉM & AMEM – Naná Vasconcelos 80 anos”, que está em cartaz hoje e amanhã na CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Teatro Nelson Rodrigues, uma homenagem a um dos mais importantes músicos da história do Brasil, o percussionista Naná Vasconcelos. O tributo reúne quatro mega músicos e expoentes brasileiros, numa conexão incrível entre Bahia e Pernambuco, em uma das melhores formações musicais que já presenciei: a cantora Virgínia Rodrigues, o pianista Zé Manoel e os incríveis Lucas dos Prazeres e Marivaldo dos Santos, discípulos de Naná. É celebração, do início ao fim, da obra deste artista pernambucano de primeira grandeza.
A escolha do repertório é primorosa, com canções de artistas que influenciaram a obra de Naná, como Heitor Villa-Lobos e Milton Nascimento, além de composições com parceiros. A performance de cada um dos quatro artistas é de tirar o fôlego, com direção musical de Marivaldo dos Santos, do Stomp e do Quabales, e direção artística de André Brasileiro. Lucas dos Prazeres arrebata o público com sua simpatia e muita conexão com o público, além de sua performance nos inúmeros instrumentos, entre eles chocalhos, tambores, timbales e outros apetrechos dos exuberantes caboclos de lança, do maracatu de baque-solto. A plateia vai ao delírio quando entra o vozeirão de Virginia, com toda a sua divindade. É deusa, não há dúvida. Marivaldo é ás na percussão, entre tambores de lata, latões, bacias e vassouras, em performances com Lucas, como no duo das vassouras. Zé Manoel e sua profunda elegância, nos teclados e na voz que fazem ecoar lembranças como em “San Vicente”, de Milton Nascimento, que a plateia canta junto.
“Esse é um encontro que celebra as sementes musicais plantadas por Naná. Hoje, quatro artistas, profundamente impactados por sua obra, se reúnem para homenagear o mestre e fazem essa reverência amparados por suas próprias características. Tudo se conecta. Bahia e Pernambuco. Vozes e instrumentos. Para nós, uma imensa honra e alegria dividir esse espetáculo – guiado também pelo afeto – com o público”, ressalta André Brasileiro.
“AMÉM & AMEM – Naná Vasconcelos 80 anos” estreou em julho de 2024, em São Paulo, no ano quando Naná teria celebrado 80 anos. É resultado do encontro entre artistas negros brasileiros, herdeiros e propagadores da força ancestral e da inventividade que marcaram a trajetória do percussionista pernambucano, reconhecido mundialmente por reinventar os limites da percussão, integrando música, espiritualidade e performance.
A voz potente de Virgínia Rodrigues, revelada por Caetano Veloso, ecoa com profundidade nas tradições afro-brasileiras e líricas sacras. Zé Manoel, cantor e pianista pernambucano, mistura tradição e modernidade em álbuns premiados, como ‘Do meu coração nu’. Lucas dos Prazeres atua como percussionista e cantor entre os universos do candomblé, da música popular e do teatro. Marivaldo Santos, integrante do premiado grupo internacional STOMP, tem carreira consolidada nos EUA e no Brasil, sendo referência em percussão corporal e inovação sonora.

Com passagens por festivais nacionais e internacionais, os artistas que compõem o projeto trazem em suas trajetórias reconhecimento, ancestralidade e criação coletiva, dando vida a esta homenagem ao legado de Naná Vasconcelos.
Mestre Naná
Naná merece todas as homenagens e que bom que o Rio pode ter essa oportunidade de presenciar esse tributo. Ao longo de sua carreira, ele foi eleito nove vezes o Melhor Percussionista do Mundo pela revista Down Beat e conquistou oito Grammys. Naná começou sua carreira ao lado de Milton Nascimento, nos anos 1960, e alcançou reconhecimento global na década de 1970. Além de Milton, fez parcerias com Don Cherry, Pat Metheny, Egberto Gismonti, entre outros. Deixou uma marca indelével na música brasileira e internacional.
Com uma carreira nacional e internacional impressionante, colaborou com ícones como o saxofonista argentino Gato Barbieri, Egberto Gismonti, Jean-Luc Ponty e a banda Talking Heads, liderada por David Byrne. Sua habilidade em integrar diferentes culturas musicais o consagrou como um embaixador da musicalidade brasileira no mundo. Em 2016, Naná partiu para levar seu talento a outras dimensões, deixando seu imenso legado.
O projeto “Amém & Amem – Naná Vasconcelos 80 anos” integra a programação comemorativa dos 45 anos da CAIXA Cultural.