João Bosco inicia turnê com sucessos e canções do novo disco
Espetáculo inédito estreia no Vivo Rio, com disco “Boca Cheia de Frutas”, e segue por cidades do Brasil.

Ele definitivamente é um dos nomes mais importantes da MPB. João Bosco, conhecido por seu virtuosismo no violão, suas composições sofisticadas e sua voz inconfundível, construiu uma carreira marcada por parcerias de peso, especialmente com o amigo Aldir Blanc. No último ano, esse percurso ganhou mais um capítulo com o lançamento do álbum Boca Cheia de Frutas, aclamado pela crítica. Agora, esse universo criativo de João Bosco aporta nos palcos com seu novo espetáculo, que estreia no Vivo Rio, no dia 23 de maio, e percorre o país em turnê inédita do João Bosco Quinteto.
O disco segue a nova fase do artista, mais introspectiva, que teve início em 2009, quando João Bosco lançou “Não Vou pro Céu, Mas Já Não Vivo no Chão”. Ali, o mineiro de Ponte Nova deixava um pouco de lado a extroversão que sempre marcou sua obra e começava a apresentar um trabalho mais voltado para a o diálogo entre sua voz e seu violão, em arranjos mais contidos. Mas o show que marca essa nova turnê não fica apenas nas novas canções. João revisita clássicos da sua trajetória — como “O Ronco da Cuíca”, “O Bêbado e a Equilibrista” e “Papel Machê” – canções que fazem parte das memórias afetivas de um Brasil das últimas cinco décadas. E mistura a elas faixas do novo disco, sem, no entanto, se prender a um simples passeio cronológico.
O roteiro conta uma história, dividido em três blocos narrativos. Começa em solo simbólico, com “O Canto da Terra por um Fio” e outras canções de fundamento, que reafirmam a ligação visceral do artista com o Brasil. Em seguida, mergulha nas homenagens literárias, abrindo com um poema de Vinicius de Moraes e celebrando as palavras de Aldir Blanc e Antônio Cícero. Por fim, oferece ao público uma sequência de sucessos — da elegância de “Corsário” ao lirismo de “O Bêbado e a Equilibrista”. A presença de Aldir Blanc, parceiro de uma vida, é celebrada em “E aí?”, canção inédita escrita a partir de uma letra deixada por Aldir — que chegou a acreditar que João já havia musicado.
“Um novo show é sempre um reencontro com algumas canções, incluindo as mais recentes, que de alguma maneira se destacaram em minha trajetória junto dos meus parceiros, novos e antigos, ao longo desses mais de cinquenta anos de caminhada. A linha é sempre aquela que as pessoas que acompanham o meu trabalho já identificam, mas há sempre um novo passo. O meu violão, onde eu moro, está sempre comigo tirando os meus pés do chão. É por isso que gosto de explorar os limites das canções como se lhes fosse permitido reexistir”, afirma o artista.
Ao lado de João, sobem ao palco Ricardo Silveira (guitarra), Guto Wirtti (baixo), Kiko Freitas (bateria) e o maestro Cristóvão Bastos (teclados e arranjos). A direção musical e concepção do show são assinadas por João e Francisco Bosco, seu filho, parceiro nas composições dos últimos álbuns e na visão artística que sustenta o espetáculo.
“Em meio a essa atmosfera entre canções não tão recentes e canções do álbum recente Boca Cheia de Frutas, eu procuro também reexistir, junto de um quinteto de músicos de imensa capacidade criativa, que possibilitam que essa intenção seja perfeitamente possível”, completa.
Com “Boca Cheia de Frutas”, lançado em maio de 2024, pela Som Livre, João Bosco apresenta, aos 78 anos, uma obra que entrelaça ancestralidade, crítica social e esperança, consolidando-se como um dos trabalhos mais significativos de sua carreira.