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Por Rita Fernandes, jornalista
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Carnaval de rua 2023: primavera de blocos e corpos multicoloridos

O primeiro carnaval pós-pandemia vem com muitas novidades, de comportamentos e de linguagens musicais, e que refletem importantes mudanças sociais

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 jan 2023, 18h42

Quantas cores no carnaval de rua do Rio! Não são apenas cores no sentido literal – também, mas não só. Refiro-me à multiplicidade de corpos jovens misturados em uma explosão potente e política, de uma alegria incontida, que não se via há muito tempo. São mudanças visíveis depois da grande reviravolta que foi a pandemia da Covid-19, que nos tirou das ruas e do convívio social. E que maltratou, especialmente, quem estava na virada da adolescência para o início da fase adulta, e que não pode experimentar o prazer de ocupar essa rua.

Tudo mudou e não seria diferente com o carnaval. Carnaval espelha a vida, é totalmente orgânico com o que acontece no nosso dia a dia. E não mudou pouco. Mudou como a sociedade, que se viu transformada não apenas pelas reflexões impostas pelo isolamento, pela iminência da morte diante do vírus desconhecido. A sociedade brasileira mudou nas suas entranhas. Mudou pelo direito e pelo avesso, sem lado certo.

O que tem acontecido na ruas do Rio nesse princípio de carnaval é uma demonstração clara da transformação. Nos corpos seminus, ‘agêneros’, andrógenos, provocativos, para além de todas as definições e de todos os esteriótipos. A fantasia carnavalesca hoje já não é mais a melindrosa, a odalisca, a pirata ou a baiana. A fantasia carnavalesca é a ousadia. Com quantos panos ou sem panos se queira ter. Futurista, confortável, sensual, atemporal, sem rótulos, com muitas identidades. É no uso do corpo que está a indumentária. E muitas vezes basta apenas apresentar o corpo coberto de brilho e de estrelas. Confesso que me sinto estranha, porque já não sei mais como me fantasiar. Mas também me sinto instigada a buscar novos caminhos.

A música do carnaval também já não é mais a mesma. Todo mundo hoje é um pouco músico, nos sopros, nas percussões ou em qualquer forma corporal de musicalidade. Desfiles com carros de som, trios elétricos e sonorizados parecem não ter mais sentido para a novíssima geração. O que se vê pelas ruas da cidade são as fanfarras, essa forma de cortejo que só precisa mesmo de gente junta tocando e celebrando, sem qualquer outra obrigação. E a folia subiu a ladeira em bando, ocupando cada vez mais o bairro de Santa Teresa, e se espraiando pelo Centro e Glória, os destinos preferidos da garotada.

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Tem muita coisa acontecendo no carnaval. E na vida da gente. Há uma nova ‘Tropicália’ no ar. Eu chamo de ‘a primavera carnavalesca’. E vou além: vejo no carnaval de rua sinais da tão falada Era de Aquário. Eu chamo de Primavera de Aquário. É o futuro que já virou presente. Sem preconceito, abrindo espaços pro amor, com todas as suas cores, força, potência, e que se revelou pelo carnaval. Estou curiosa e animada para encarar o que a rua nos propõe. Que venha o carnaval! Evoé!

Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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