Rita Fernandes Por Rita Fernandes, jornalista Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca
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Pedro Miranda: “A quarentena cortou as minhas asas”

Sem data de retorno, projetos de ocupação cultural da Gávea com samba, forró e choro foram interrompidos no auge do sucesso pela pandemia da Covid-19

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 jul 2020, 19h38 - Publicado em 7 jul 2020, 19h11
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  • Ainda é cedo para falar em retorno, mas a ocupação cultural que vinha sendo promovida no bairro da Gávea antes do surgimento da Covid-19 pelo cantor, compositor e percussionista Pedro Miranda está fazendo uma falta danada. Não apenas para o público, saudoso das imersões musicais nos diferentes gêneros, mas principalmente para artistas e músicos que se viram sem trabalho bem no auge do sucesso dos projetos.

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    “Foi como uma rasteira, que me pegou bem onde eu estava focado, com tudo de bom acontecendo. A quarentena cortou as minhas asas”, diz o cantor, que aguarda notícias do surgimento de uma vacina contra a doença e o controle da pandemia para pensar em como retomar suas atividades. Enquanto isso, como outros artistas, Pedro Miranda segue compondo, encontrando novos parceiros musicais e fazendo lives.

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    O Samba da Gávea e Da Casa da Táta

    O Samba da Gávea reunia um time de músicos e artistas em uma mistura de roda de samba e sarau, e com participações especias surpresas como a da cantora Doris Monteira (sentada, no centro). (Divulgação/Reprodução)

    Imagine uma roda de samba como se fosse um sarau em casa, sem amplificação, íntimo e frequentado por quem gosta muito de música. Um espaço de escuta em que as canções, arranjos e letras prevalecem no centro do interesse dos frequentadores. O silêncio do público e a concentração na música eram questão de ordem no Samba da Gávea, realizado todas as segundas-feiras no pequeno e aconchegante espaço Da Casa da Táta.

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    O naipe de artistas que segurava essa roda com Pedro Miranda contava no núcleo central com Alfredo Del Penho (violão), João Cavalcanti (cantor), Bruno Barreto (percussão), Thiago da Serrinha (cavaquinho e percussão), Paulino Dias (percussão) e Luís Filipe de Lima (violão de 7 cordas). Além deles, vire e mexe aparecia uma participação especial surpresa, como a cantora Doris Monteiro, que com seus mais de 80 anos nem queria cantar, apenas ouvir, mas acabou se rendendo ao encanto da música do local. Zé Renato e Juca Filho, as sambistas Áurea Martins e Ana Costa e a cantora portuguesa Ana Moura são alguns dos artistas que apareceram por lá.

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    O Samba da Gávea foi só a ponta do iceberg do projeto de ocupação cultural do bairro que acabaria acontecendo pelas mãos de Pedro Miranda nos últimos três anos, até fevereiro de 2020. Muito naturalmente, o bairro recebeu primeiro o Forró e depois o Choro da Gávea. “Foi tudo acontecendo, a vizinhança e os comerciantes chegando perto dos projetos. Minha vida social estava toda ali, onde moro e meus filhos estudam. Um dia pensei: por que não faço um samba por aqui? Estava cansado de ir para a Lapa. Logo depois veio o forró, numa noite de Santo Antônio “, conta.

    Ocupação cultural do bairro

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    O “time dos sonhos” no Forró da Gávea: Pedro Mirana (triângulo), Kiko Horta (sanfona), Rafael dos Anjos (violão), Durval Pereira (zabumba) e Pedro Aune (baixo-acústico). (Foto Pepe Schettino/Divulgação)

    O Forró da Gávea surgiu em julho de 2018, no Dumont Art Bar, no Baixo Gávea, e era realizado às quartas-feiras, sempre lotado. Com o “time dos sonhos”, como Pedrinho define os músicos que embarcaram no projeto, o Forró da Gávea tinha Kiko Horta (sanfona), Rafael dos Anjos (violão), Durval Pereira (zabumba) e Pedro Aune (baixo-acústico), amigos bem próximos. No repertorio, clássicos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Dominguinhos, além de composições próprias e dos amigos, como o baião “Xodó da Lamparina”, parceria de Moyseis Marques e Zé Paulo Becker. O Forró recebeu dezenas de convidados, entre Marcelo Jeneci, Roberta Sá, Zé Renato, João Cavalcanti, Moyseis Marques, Mariana Melo, Rodrigo Maranhão e Marcelo Mimoso.

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    Nesse processo de ocupação cultural da Gávea, quatro meses depois acontecia o Gávea Convida Coletivo Choro na Rua, uma vez por mês, evento gratuito na Praça Santos Dumont, que contava com apoio da Associação de Moradores e dos comerciantes locais. “Estava sendo muito gratificante trazer a minha vivência musical para o bairro onde moro, onde o samba e o forró acabavam não chegando. As noites por aqui tinham um clima de pelada semanal, onde eu recebia os amigos para cantar e para conhecer novas músicas e compositores”, relembra.

    Sobre o sucesso do trabalho, que Pedrinho agora tenta transferir para o ambiente virtual, ele filosofa: “Acredito que as pessoas estão querendo experiências mais verdadeiras, mais próximas, em que de fato possam ter um sentimento de pertencer àquela história. Depois desse isolamento, tenho certeza de que o público vai buscar cada vez mais intimidade com o artista”.

    Pedro Miranda é o próximo convidado das lives do projeto Cena Carioca, na sexta-feira, 10 de julho, no Instagram da Veja Rio (@vejario).

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    Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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