A noite do Brasil Sertanejo nas vozes de jovens talentos
Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira anuncia indicados de sua 32ª edição, com premiação em junho, no Rio

Zé Maurício Machline deveria transformar o que foi a noite de apresentação dos indicados ao Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira, na quarta (9), no Masp, em um show que pudesse rodar o Brasil. O mundo merece ver o que aquela plateia de convidados pode presenciar. Zé juntou a grandeza da música sertaneja de raiz, de Chitãozinho e Xororó, um retrato do imenso Brasil rural, com o talento de novas vozes incrivelmente diversas da cena contemporânea. Foi um derrame de surpresas, com canções do clássico sertanejo que todo o público conhece, nas vozes e interpretações de Juliana Linhares, Fitti, Mari Jasca, Daíra, Marina Sena, Agnes Nunes e Jota.pe.
A surpresa vem desde a primeira música, “Coração Sertanejo”, interpretada por Juliana Linhares, com sua voz e seu estilo únicos, artista potiguar que é uma das maiores revelações e que vem ocupando os palcos dos melhores festivais. Na sequência, a niteroiense Daíra chega com toda a sua potência, interpretando “Nuvem De Lágrima”. De cara arrebata a plateia. Marina Sena, numa apresentação menos contundente, apresenta “Vá pro inferno com seu Amor”.
O paulista de Osasco, Jota.pê, com seu vozeirão, emociona com “Fio de Cabelo”. Mari Jasca, a artista que saiu de Buzios para o mundo, mostra toda a sua autenticidade em “Fogão de Lenha”. E logo em seguida vem Fitti, artista de Pernambuco que deixou todo mundo de queixo caído com sua interpretação do clássico “Galopeira”, disparado o maior destaque de todas as interpretações. Fitti simplesmente arrasou. Depois de tanta potência vocal, Agnes Nunes traz sua docilidade em “Se Deus Me Ouvisse”, fazendo um contraponto lindo para um público em êxtase. E, claro, o encerramento só poderia ser com “Evidências”, o hino do Brasil sertanejo, que teve a participação da dupla homenageada desta 32ª edição do Prêmio, Chitãozinho e Xororó, junto aos jovens artistas.

Não poderia deixar de destacar a banda que acompanhou essa galeratoda, com Marco Pereira (violão e direção musical), Vana Bock (violoncelo), Bebe Kramer (acordeom), Rogério Caetano (violão de 7 cordas de aço) e João Camarero (violão), que deram um show à parte. Lázaro Ramos, com toda a sua desenvoltura natural, conduziu a apresentação, visivelmente emocionado em diversos momentos da noite.
O Masp foi o palco escolhido pelo Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira para este evento que acontece pela primeira vez, o lançamento dos indicados nas 17 categorias. Foram anunciados nomes como Emicida, Liniker, Lauana Prado, Zeca Pagodinho, Marcelo D2, João Bosco, Black Pantera, Dona Onete, Alaíde Costa, Yago Oproprio, para citar apenas alguns, já que são cinco indicados em cada uma das 17 categorias (a lista completa pode ser vista nas redes sociais do Prêmio). Olhar para o conjunto de categorias que o Prêmio abraça e a quantidade e qualidade dos artistas é constatar a imensidão da diversidade da música brasileira. E ninguém tem mais domínio, hoje, desse cenário, do que Zé Mauricio.
Os vencedores serão conhecidos no dia 4 de junho, durante a cerimônia de premiação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Projetos de incentivo à classe artística
A noite foi além, pois marcou ainda o anúncio de iniciativas inéditas para a valorização da indústria criativa. Fruto da parceria de Zé Maurício Machline com o maior banco de investimentos da América Latina, o BTG Pactual, a 32ª edição do prêmio apresenta três projetos inovadores de fomento à classe artística: “Incubadora de Talentos da Música”, “Te Vejo no Palco” e “Música é Negócio”.
O projeto “Incubadora de Talento da Música” será voltado à aceleração e mentoria de artistas em diferentes estágios de suas carreiras. A iniciativa oferecer consultoria para impulsionar e fomentar o desenvolvimento profissional dos participantes, suporte para captação de recursos, construção de redes de contato, marketing, comunicação, finanças e assessoria jurídica.
“Te Vejo no Palco” vai possibilitar o registro em vídeo de shows que capturam momentos especiais na carreira de artistas, com áudio de qualidade e imagens em alta resolução. O apoio inclui a gravação de músicas e todo o processo de produção. O foco são os artistas que aguardam uma oportunidade para mostrar seu talento musical e ampliar a visibilidade do seu trabalho. Os interessados poderão se inscrever em edital, sendo avaliados critérios como relevância artística, impacto cultural e repertório, entre outros. Ao todo, serão 30 selecionados nos próximos cinco anos.
Outro projeto transformador chama-se Música é Negócio, que oferece conhecimento prático aos artistas como forma de acelerar suas carreiras e transformar a criatividade em negócios. Eles terão aulas em curso oferecido em conjunto com a unidade educacional da Exame + Saint Paul Escola de Negócios com especialistas sobre temas como gestão de carreira, construção de redes de contato, marketing e estratégias digitais, finanças, direitos autorais, contratos, captação de recursos e patrocínios.
“São mais de quatro décadas dedicadas à valorização da música brasileira, seus artistas e criadores. O Prêmio da Música Brasileira, ao longo de 37 anos, se transformou em uma plataforma viva de celebração, memória e inovação. Agora, com a chegada do BTG Pactual, damos um passo decisivo para ampliar nosso impacto com projetos que oferecem estrutura, visibilidade e formação para os artistas. Essa parceria nos permite olhar para o futuro com ainda mais potência, colocando a música brasileira no centro das atenções que ela merece”, pontuou Zé Maurício Machline, idealizador do Prêmio.
“Fiquei profundamente impressionado quando assisti à última edição do Prêmio da Música Brasileira, em homenagem a Tim Maia. A grandiosidade, a emoção e a relevância cultural daquele espetáculo foram marcantes. Percebi ali a importância histórica que o Prêmio tem para a valorização da nossa música e da nossa identidade. Foi por isso que decidimos apoiar não apenas a cerimônia em si, mas toda a estrutura de projetos que o Prêmio promove ao longo do ano, em apoio aos artistas e ao fortalecimento da música brasileira como ativo cultural e econômico do país”, disse André Esteves, sócio sênior e presidente do Conselho do BTG Pactual.
Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de música, cultura e carnaval.