A nossa independência passa obrigatoriamente pelos subúrbios
Mulheres Protagonistas na Independência brasileira ganham destaque no Festival Leopoldina Orgânica, na Zona Norte
Com toda correria da última semana houve quem não percebesse que já estamos em novembro, apenas a um mês do término do primeiro ano pós-pandemia. Lembro que aproximadamente há trinta dias atrás, em 7 de setembro, uma série de eventos marcavam as celebrações dos 200 anos da independência do Brasil. Porém, creio que ainda precisamos questionar o quanto realmente alcançamos de emancipação.
A reflexão se torna muito pertinente quando olhamos para os subúrbios e identificamos a manutenção de uma série de projetos segregacionistas, heranças do nosso patriarcalismo que produziu um racismo estrutural. Exatamente para pensar questões fundamentais como estas que o Festival Leopoldina Orgânica da Independência foi idealizado. O evento será realizado na Arena Dicró, na Penha, e no Centro de Integração da Serra da misericórdia (CEM), ambos na Zona Norte, neste domingo (6), a partir das 7h.
Com o objetivo de promover um debate sobre o papel das mulheres na luta pela Independência do Brasil, emancipação que inclusive teve Maria Leopoldina como uma de suas protagonistas, ocorrerá esta segunda edição do festival.
A proposta foi contemplada com o Edital Retomada Cultural 2, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e usa como referência a própria história da Imperatriz Leopoldina, que dá nome à região por onde passa a linha férrea homônima à esposa de Dom Pedro I.
A atividade vai unir sustentabilidade, cultura e história, além de prometer mobilizar o subúrbio com grandes nomes, como as historiadoras Giovana Xavier e Giovana Trevellin, assim como a escritora Kátia Santos. A programação começa no Complexo da Penha com um café da manhã agroecológico e termina, por volta das 20h, com uma Roda de Samba de Mulheres, na Arena Dicró. No evento, a DJ Elaine se apresentará para o público.
De acordo com o fundador do Leopoldina Orgânica, Teo Cordeiro, o objetivo é promover a oportunidade de os leopoldinenses terem acesso a uma história que diz respeito a um território que é parte importante da história da cidade, mas que ainda tem pouco espaço na mídia e nas narrativas hegemônicas sobre o Rio de Janeiro.
“Quando falamos de subúrbio sustentável, vamos além das questões ambientais. Falamos sobre um subúrbio que promove música, dança, teatro, lazer e gastronomia. O Leopoldina Orgânica convoca o carioca a vivenciar um ideal de cidade acolhedora, acessível e com hortas espalhadas pelas praças. Uma cidade das crianças, dos idosos, das pessoas com deficiência, dos artistas de rua, de todos aqueles que quiserem conviver e respeitar as diferenças! A cultura é a costura do festival com a rede coletiva dos moradores da região da Zona da Leopoldina”, define Cordeiro.
A fim de potencializar as ações que ocorrem no território, todas as atividades da programação serão realizadas pelos próprios moradores, sob a curadoria de coletivos que atuam na região e do coletivo Leopoldina Orgânica, e da Produtora Flor de Lis, organizadora do festival.
Para maiores informações siga o Instagram: @leopoldina_organica