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Pauta Verde

Por Luiza Maia, jornalista e vegana por amor Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Papos sobre vegetarianismo, veganismo e escolhas conscientes.

Por que jantar para Príncipe William tem menu plant-based

Recusa do chef Saulo Jennings em preparar um menu vegano para o Earthshot Prize desperta debate sobre culinária amazônica e sustentabilidade

Por Luiza_Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 nov 2025, 16h39 - Publicado em 5 nov 2025, 16h27
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Realeza no Rio: depois de Londres, Boston e Cidade do Cabo, o príncipe de Gales escolheu o Museu do Amanhã para receber a cúpula da instituição criada por ele em 2020  (Kensington Palace/Divulgação)
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Após visitar o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, passear por Paquetá e andar de VLT, o príncipe William participa nesta quarta-feira (5) da cerimônia de entrega do Prêmio Earthshot, no Museu do Amanhã. Criado pelo herdeiro do trono britânico com o apoio do biólogo David Attenborough, o prêmio celebra iniciativas inovadoras para combater alguns dos maiores desafios climáticos do planeta. Neste ano, o Rio de Janeiro foi escolhido como palco do evento, poucos dias antes da COP30, que acontecerá em Belém, no Pará.

Antes mesmo da chegada do príncipe ao Brasil, um tema polêmico já havia tomado conta das redes e dos portais de notícia: a recusa do chef paraense Saulo Jennings, da Casa do Saulo, em preparar um menu 100% vegano para um jantar do Earthshot com cerca de 700 convidados. Segundo o cozinheiro, a organização do evento solicitou um cardápio totalmente livre de ingredientes de origem animal. Jennings propôs uma versão com 80% de receitas vegetais e 20% de peixes amazônicos, sua especialidade — proposta que acabou rejeitada.

A gente trabalha com vegano, mas eu não pensava que era excluindo a nossa matéria-prima, os peixes. A cultura alimentar do meu povo é tudo que vem da floresta e dos rios”, defendeu o chef em entrevista à BBC News Brasil. Ele acrescentou: “Tem uma frase que digo: salada é do europeu. Não é pejorativo, é porque é característico do europeu. O nosso é farinha, peixe, açaí, tucupi.”

De fato, os peixes são parte fundamental da alimentação e da cultura amazônica. Muitas comunidades praticam o manejo sustentável dos recursos naturais — e, como ressaltou Jennings em entrevista, não ser vegano não significa ser 0 sustentável. Ainda assim, surgem as questões: um menu sem peixe apagaria, de fato, a identidade culinária da região? E por que a produção do Earthshot insistiu em um cardápio totalmente vegetal?

Fontes da organização explicam que os jantares do Earthshot, na verdade, seguem sempre um cardápio vegetariano: ou seja, sem carnes, em sintonia com a proposta do prêmio de promover práticas sustentáveis. A escolha reflete uma preocupação ambiental: a produção de carne é uma das maiores fontes, dentro do setor alimentar, de emissões de gases de efeito estufa e consumo de recursos naturais, como água e solo.

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Um relatório recente da Comissão EAT–Lancet aponta que os sistemas alimentares atuais já ultrapassaram cinco dos nove limites planetários — entre eles, clima, biodiversidade e uso de água doce. O estudo defende a Planetary Health Diet, ou “dieta da saúde planetária”, baseada em frutas, verduras e grãos, com um consumo bem reduzido de carnes, laticínios e ultraprocessados. A adesão global a esse modelo poderia diminuir pela metade as emissões do sistema alimentar até 2050 e evitar até 15 milhões de mortes prematuras por ano.

Seguindo essa perspectiva, é possível valorizar a culinária amazônica em um menu totalmente vegetal? A resposta é sim — e com muita criatividade. “Essa fala de que salada é coisa de europeu mostra uma visão limitada sobre o que é a culinária à base de plantas”, argumenta o chef manauara Andy Oliveira, dono da boulangerie vegana Experimentalis, na Zona Norte do Rio. Nos dias 7 e 14 de novembro, o chef realiza jantares veganos em seu empreendimento com ingredientes típicos do Norte, como tucumã e cupuaçu.

“Na cozinha nortista, além do peixe, há inúmeros ingredientes vegetais — a própria farinha, o tucupi, a maniva, o açaí. Substituindo o peixe por outras proteínas vegetais, ainda temos uma variedade imensa de insumos”, defende o cozinheiro.

Ainda que a especialidade de Saulo Jennings sejam os peixes amazônicos, pensar em um cardápio 100% vegano não seria uma missão impossível — especialmente em uma região onde a terra oferece tantos ingredientes capazes de brilhar no prato, trazendo sabor e identidade local.

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