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Pauta Verde

Por Luiza Maia, jornalista e vegana por amor Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Papos sobre vegetarianismo, veganismo e escolhas conscientes.

Procura-se alface: o que se come numa feira 100% vegana

As opções passam por salgadinhos, pastéis, bolos, tortas... Deixando a salada como mera figurante

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Atualizado em 19 Maio 2025, 18h22 - Publicado em 19 Maio 2025, 18h02
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Vegano come alface? Sim, e uma boa coxinha também (Luiza Maia/Veja Rio)
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Chegar a um restaurante, perguntar qual é a opção para os veganos e ouvir: “Ah, sim, temos uma ótima salada!” Depois de um almoço ou jantar assim, a sensação que fica muitas vezes, lá no fundo da garganta, é de frustração. Vegana há nove anos, eu sei bem como é essa cena. Mas encontrei logo cedo um verdadeiro refúgio contra esse sentimento: as feiras veganas.

Nunca me esqueço da primeira vez que pisei na feira Vegannezando, em 2018, numa edição realizada na Praça Rádio Amador, em São Francisco, Niterói. Levei meu pai para testemunhar meu entusiasmo ao estar, pela primeira vez, em um lugar onde todas as comidas cheirosas e bonitas eram livres de carne, leite, ovos e outros derivados de origem animal. Me senti na Disney — ou melhor, na Veganlândia. A experiência também abriu mais a mente do meu pai, que ainda tentava entender o que significava uma alimentação vegana. E, acredite: isso não é sinônimo de alimentação saudável.

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Palitos de queijo vegano: friturinha que surpreende da Queijus Dulone (Luiza Maia/Veja Rio)

Uma dieta balanceada é sempre o que médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde recomendam. Mas, de vez em quando, uma “junk food”, uma coxinha, um bolo bem chocolatudo, é tudo o que a gente precisa pra manter a saúde mental. Trazer uma sensação gostosa pro paladar e pro coração. Foi assim que entendi por que, numa feira 100% vegana, há tantas comidas que fogem daquele estereótipo da salada, dos legumes, das frutas… É porque isso a gente já encontra em todo lugar. O que falta são os queijos e laticínios vegetais, os pães de queijo, hambúrgueres, coxinhas, brigadeiros e afins — e é isso que aparece com força nesses encontros veggies.

Há quem não concorde com o uso de palavras como “queijo”, “carne” e “leite” para se referir a versões vegetais desses alimentos. Há também quem não entenda por que as cozinhas veganas costumam reproduzir receitas convencionais, como feijoada, baião de dois, salpicão ou pão de queijo, ainda por cima usando os mesmos nomes. Mas a explicação é simples: essas adaptações facilitam a transição alimentar de quem está mudando sua dieta para o veganismo. Também ajudam veganos a reviverem aquele gostinho de nostalgia por pratos que amavam, mas deixaram de consumir por não concordarem com o sofrimento animal.

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Brigadeiros: iguais aos convencionais, para adoçar uma tarde de feira (Luiza Maia/Veja Rio)

Nos dias 11 e 12 de maio, a feira Vegannezando voltou em grande estilo após um período de pausa pós-pandemia, ocupando o Parque Glória Maria (antigo Parque das Ruínas) com mais de 45 expositores. Zarpei para Santa Teresa num sábado à tarde em busca de delícias veggies, e relato aqui o cumprimento da minha missão. Minha jornada gastronômica passou por uma porção de salgadinhos fritos e assados da Faca Vegiie — incluindo coxinha, enroladinho de salsicha, joelho com presunto vegetal, pão de alho, entre outros —, seguiu para uma torta salgada fria com sabor de infância da cozinheira Carol Soares, e terminou com um bolo equilibrado de massa de maracujá e recheio de brigadeiro de cupuaçu da The Veganices.

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“Acho que esse é o papel das marcas de comida vegana hoje: tornar a transição de quem está começando menos traumática e mais confortável. Seja ‘imitando’ sabor, aparência, forma, cheiro… Porque, entrando na memória afetiva da pessoa, ela consegue virar a chavinha e perceber que não é impossível, se ela souber como comer bem”, diz Daiana Marques, à frente da Faca Vegiie, uma das marcas que fizeram sucesso no evento.

Já para a cozinheira Carol Soares, as comidas que se assemelham a alimentos não veganos têm, sim, um papel importante, mas a cozinha à base de vegetais pode surpreender de outras formas. “Eu prezo por uma cozinha natural e por um preparo bem-feito, com insumos de qualidade e os vegetais como protagonistas. Tem muitas marcas veganas que tentam ‘imitar’ alimentos não veganos, e eu acho isso muito legal. Mas é interessante também trazer uma comida saborosa com protagonismo vegetal, incluindo até opções sem glúten e sem açúcar”, afirma. Estreando na Vegannezando, sua barraca costuma ser um refúgio para veganos que frequentam as edições da feira Junta Local.

Para resumir minha experiência: saí bem satisfeita com a comida e com o reencontro de pessoas que, como eu, decidiram comer delícias sem origem animal sem abdicar do sabor, aproveitando ainda uma tarde ensolarada num dos parques mais bonitos da cidade.

Nos vemos numa próxima feira? 

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