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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Sem catequese: escola é onde se aprende que religiões são parte da cultura

Reconhecer o papel da religião na História da Humanidade é diferente de ensinar ritos e práticas religiosas às crianças

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 jul 2022, 18h34
Color flat illustration depicting different world religion confession with title vector illustration
Religiões: os marcos de identidade religiosa se perpetuam e até hoje influenciam o acervo de conhecimento, as artes e a tecnologia humanas. (Freepik/Reprodução)
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Será que é possível uma criança crescer imersa nas raízes judaico-cristãs da História ocidental e não saber quem é Cristo? Mesmo que não pertença a uma família de religião católica? É uma reflexão interessante. Podemos supor que uma criança criada numa família que cumpre os ritos da religião católica terá ouvido falar do personagem mesmo que não compreenda toda a sua significação. Já uma criança nascida numa família judaica ou praticante de candomblé poderá não fazer a menor ideia.

Todas as sociedades conhecidas tiveram ou têm religiões, desde a pré-história. É uma interpretação para os fenômenos inexplicáveis da realidade, como o nascimento, a morte, dia, noite, chuva, terremoto, furacões, o lugar da espécie humana no cosmos. As explicações variaram no tempo e no espaço e se construíram diversos sistemas de crenças, conjuntos de valores culturais, práticas rituais, festas, tradições, mitologias que fazem parte do patrimônio material e imaterial das civilizações, regiões e países. Os marcos de identidade religiosa se perpetuam e até hoje influenciam o acervo de conhecimento, as artes e a tecnologia humanas.

Reconhecer o papel da religião na História da Humanidade é diferente de ensinar ritos e práticas religiosas na escola. A escola deve continuar laica, gratuita e universal, mas lá os alunos vão  encontrar o cristianismo, o judaísmo, o hinduísmo, o protestantismo, o candomblé, o budismo, as religiões latino-americanas e mitologias como  influenciadores importantes das diversas civilizações e diferentes culturas regionais e globais.

Cultura é a maneira de viver de uma sociedade. Linguagem, conhecimento, percepções, crenças, atitudes, códigos de comportamentos, leis são elementos culturais transmitidos de geração para geração, assim como as artes, padrões sociais, costumes, idiomas, valores, religiões, rituais e tradições.

A História, a herança e a forma como se expressam ideias são reflexos da cultura de cada sociedade. Existem cinco princípios culturais básicos para medir a qualidade e vitalidade de uma sociedade: valores e crenças, normas, símbolos, linguagem e rituais. Em 2010, a Unesco incluiu a Cultura como o quarto pilar fundamental para o Desenvolvimento Sustentável. Os outros três são o Social, o Econômico e o Ambiental.

Hoje, como muitas famílias não praticam religiões, muitas crianças não conhecem ritos e histórias sacras e ficam com a liberdade de decidir o que querem mais tarde. Assim, uma criança pode, sim, não saber sobre personagens religiosos, ritos e crenças.

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Mas certamente todas as crianças terão contato com as religiões na escola, mas no contexto cultural amplo da História do Mundo – e não em aulas de religião. Os alunos vão compreender o papel importante das religiões na trajetória da humanidade, com participação – tanto positiva quanto negativa – nas disputas de poder e forte influência nos destinos políticos dos países, assim como nas artes e nas epistemologias. E vão aprender o mais relevante que é a diversidade humana, as diferentes culturas e, portanto, as muitas formas de viver, de acreditar, de pensar. Estudar História amplia a visão de mundo, o que desenvolve a tolerância, a empatia, o respeito pela diferença e, ainda mais, ensina a estabelecer relações entre os acontecimentos históricos, sem reduzir a complexidade da cultura humana à religião.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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