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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Prejuízo ao futuro do país: agressão a escolas é celebração da ignorância

Quem mexe com a educação de um país mexe com seu futuro, Para o bem ou para o mal

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 abr 2023, 19h00
Aluno foi detido, segundo testemunhas, após tentar esfaquear colegas na Zona Sul do Rio Foto Reprodução
Marca de um ataque: aplicativo é "um esforço para tornar a escola um ambiente mais tranquilo e acolhedor"  (./Reprodução)
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Quem agride a instituição que abriga crianças e jovens pratica um ato de covardia e prejudica o futuro do país. A escola é o lugar das crianças e dos jovens, é onde são acolhidos para aprenderem os conhecimentos básicos necessários para a vida, para desenvolverem a capacidade de pensar, para entenderem os mores de sua cultura e os princípios fundamentais da vida em sociedade.

Os ataques recentes a escolas, a alunos e a professores são inadmissíveis porque investem contra a instituição que cuida da continuidade de uma cultura. Podem ser uma indicação de um dos muitos resultados funestos da política educacional insensata dos recentes últimos anos, que estimulou a ignorância ao desatender a educação, atrasando o desenvolvimento intelectual de uma geração. Imperdoável. As consequências serão sentidas nas próximas décadas, com mão de obra despreparada. Quem mexe com a educação de um país mexe com seu futuro. Para o bem ou para o mal.

Agora é necessário reconstruir e investir com vigor na aprendizagem das novas gerações. Isso significa acudir as carências físicas dos estabelecimentos escolares, apoiar a formação dos professores e suprir as questões deixadas pela pandemia. E é fundamental instalar internet em todas as escolas e cuidar que todos os alunos e professores tenham computadores, porque não há dúvida de que a tecnologia digital ocupou a vida quotidiana e as relações, tanto entre as pessoas quanto com a realidade, são mediadas por ela. E a tendência é que a tecnologia evolua cada vez mais rapidamente. 

 A internet mudou a sociedade, com os reconhecidos aspectos favoráveis, como a facilidade de acesso à informação, ao conhecimento e a pessoas, mas também com aspectos negativos, como, entre outros, a divulgação e o planejamento de eventos violentos. Alguns, característicos de outras culturas – como ataques a escolas e culto a armas de fogo – sugestionam pessoas de índole menos burilada. Mas a  internet não é a única responsável por comportamentos violentos, que sempre existiram. Agressão se aprende no ambiente – em casa, na escola, na televisão, nas mídias sociais. Crianças e jovens submetidos por muito tempo a repetidas frustrações, rejeição e estímulos desfavoráveis, ou que convivem com pessoas violentas, podem agir com agressividade porque enxergam o mundo como um lugar hostil e também porque induzidas a imitar ações agressivas. Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostra que cerca de metade dos adolescentes do mundo sofre violência entre colegas, dentro e fora da escola; globalmente, cerca de 720 milhões de crianças em idade escolar vivem em países onde não são protegidas por lei contra formas de punição física e bullying na escola.

O que está acontecendo agora em nossas escolas é preocupante e exige uma reflexão sobre que tipo de mundo estamos construindo. Que sociedade é esta em que as pessoas entram em escolas para matar?

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É uma sociedade que incentiva cada vez mais o individualismo, fazendo acreditar que existe algum motivo quimérico para a luta de um contra todos, como nos filmes de super heróis. É uma sociedade competitiva que vem instalando um entorno cada vez mais agressivo, em que o ambiente de trabalho está se tornando  um fardo pesado e a produtividade tornou-se uma entidade divina. É uma sociedade que tolera a absurda desigualdade econômica e social instalada no país (e no mundo).

Numa sociedade sem utopias coletivas e sem sonhos para uma vida futura afloram o desconforto, a insatisfação, o desalento, a frustração.  

A escola tem o papel de mostrar aos alunos que é possível, sim, viver de um modo mais favorável ao bem estar de todos. Com conversas e discussões para a construção de valores morais, em qualquer momento, em qualquer tarefa escolar, no recreio, entre os alunos e com os adultos, é possível praticar o exercício de ver, ouvir e trocar discordâncias, diferenças e semelhanças. É como se aprende a conviver e conviver implica dialogar, respeitar e ter senso de pertencimento ao mesmo mundo. Na escola se entende que as regras não existem por si próprias, não são eternas; elas são uma combinação entre as pessoas na sociedade e, portanto, são tentativas de possibilitar as relações humanas. Os limites são as fronteiras do outro, representam a existência de outros, diferentes, que fazem parte da vida de todos.

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Num momento de tanto conflito, é importante que a escola mostre que os valores de solidariedade, fraternidade, liberdade e igualdade devem prevalecer sobre interesses individuais e a indiferença com o destino dos outros.

  

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