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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação

Muito além do senso comum: a importância do conhecimento

Paira no mundo certa tendência a desprezar o conhecimento, como se o saber não tivesse mais importância na vida das pessoas

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 abr 2024, 14h09
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Educação: "É preciso abraçar a cooperação, a colaboração e a solidariedade e trazer a discussão e os debates de problemas reais para que os alunos realizem uma aprendizagem intercultural, interdisciplinar e ecológica" (Redação Veja rio/Reprodução)
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Os educadores passam por um momento difícil, não apenas pelas reivindicações justas que fazem por reconhecimento em todos os níveis, mas também porque paira no mundo certa tendência a desprezar o conhecimento. Como se o saber não tivesse mais importância, como se a escola não fosse fundamental na vida das pessoas. 

Li o resultado de uma pesquisa na semana passada que aponta que 50% dos entrevistados acreditam que a Terra é plana. Um espanto porque, afinal, grande parte dos participantes da enquete deve ter cursado, pelo menos, alguns anos de escola. No entanto, quando interrogados, respondem com o que parece ser sua crença remota. É assim com o caso da Terra plana e também com outra muito comum, a crendice de que bolo quente faz mal, o que não é verdade. Alunos cursam não sei quantos anos de escola e voltam ao conhecimento de senso comum. É uma boa linha de pesquisa sobre o ensino escolar: quando ou o quanto os alunos desistem das crenças de senso comum e aderem ao conhecimento científico. Se não acontece, o que houve? Foi a escola que não convenceu? É o mundo que está fazendo um complô contra o conhecimento?  

 Neste terceiro milênio nos deparamos com a invenção absurda de uma ‘verdade alternativa’. Absolutamente não existe uma verdade alternativa. Existe o conhecimento, que é uma verdade, até prova em contrário. Não se pode afirmar que o café queima mas não está quente, que o gelo não é gelado, que as pessoas não vieram mas o evento está cheio de gente. E quanto à forma do planeta, sabe-se, desde a Grécia Antiga, que a Terra é redonda.

Nossa educação tem sido muito desprezada e maltratada. Sua valorização pela sociedade implica o desenvolvimento de uma nova mentalidade junto com a comunidade a que as escolas pertencem. O envolvimento das famílias na escola pode ser feito com propostas de atividades culturais para expandir o conceito de educação escolar e ampliar a significação da escola para todos. 

Educar crianças e jovens neste momento de transição entre eras, em que a tecnologia digital traz mudanças importantes em intervalos de tempo cada vez menores, demanda uma mudança de  foco que não pode estar mais apenas nas lições do professor e em cada aluno centrado na sua realização individual. É preciso abraçar a cooperação, a colaboração e a solidariedade e trazer a discussão e os debates de problemas reais para que os alunos realizem uma aprendizagem intercultural, interdisciplinar e ecológica. As aulas individuais dos professores dão lugar à colaboração entre eles, numa transformação da “grade curricular” para temas abrangentes de acordo com as necessidades e interesse dos alunos. 

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 As escolas são instituições importantes  e precisam ser protegidas. É nelaa que as crianças são acolhidas e podem exercer com liberdade sua capacidade de pensar sobre o mundo e sobre o acervo de conhecimento construído pela humanidade.  

 Os modelos de escola não precisam ser universais, isto é, não precisam ser todos iguais. Podem e devem ser reimaginados, da arquitetura, espaços, horários, grupos de estudantes com diversos critérios até a consciência de que são parte essencial do entorno em que estão instaladas. A educação ocorre principalmente nas escolas, mas é preciso acolher e expandir as oportunidades educacionais em todos os lugares para todos. 

 Universal é o papel da escola no desenvolvimento da capacidade de pensar das crianças e jovens. O que ajuda a pensar são problemas reais próximos das crianças e que elas devem discutir e pesquisar para que apontem soluções.  Os livros, computadores e celulares servem de fonte de pesquisa. O professor mantem e amplia seu papel indispensável de orientar a pesquisa, ajudar nas buscas e apoiar os grupos na busca das soluções. 

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Exercer a capacidade de pensar e produzir conhecimento trouxe grandes avanços para a humanidade. É preciso continuar pensando e refletindo para que através do conhecimento se criem  relações solidárias entre as pessoas e delas com os outros seres vivos, cuidando de proteger o equilíbrio do sistema planetário de que todos somos parte. 

 

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