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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação

Matemática e literatura: obras mostram o poder de uma rede interligada

Matemática e Literatura se complementam na busca para entender a vida humana e nosso lugar no universo

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
4 jul 2025, 11h48
livros
 (./Reprodução)
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“O universo (que outros chamam de Biblioteca) é composto por um número indefinido, talvez infinito, de galerias hexagonais.” Assim começa A Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges, uma obra fascinante que atravessa as fronteiras entre Literatura e Matemática, encantando nerds e geeks e inúmeros outros leitores que buscam enigmas no mundo. 

O conto de Borges atesta que o conhecimento flui, interliga ideias e inspira novas descobertas. Não pode ser confinado em compartimentos isolados, como faz a escola. A matemática Sarah Hart, no livro Once Upon a Prime, celebra a união entre Matemática e Literatura, revelando como essas duas áreas, aparentemente distantes, se complementam na busca para entender a vida humana e nosso lugar no universo. 

Muito antes de se adotar a divisão entre ciências exatas e humanidades, grandes obras de Literatura já concebiam o saber como uma rede interligada. Um exemplo clássico é Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que além de escritor, era também matemático. Na famosa cena em que Alice bebe uma poção e cresce ao dobro de sua altura, depois encolhe à metade, num ciclo sem fim, Carroll brinca com o conceito matemático de progressões geométricas. Sua obra convida o leitor a pensar fora da caixa — ou fora do tabuleiro de xadrez, como sugere o Jogo de Lógica que criou.

Outro exemplo vem do livro Moby Dick, de Herman Melville, que faz alusão às curvas matemáticas conhecidas como ciclóides — detalhes que, como aponta Sarah Hart, são facilmente percebidos por quem observa com “olhos matemáticos”.

O escritor francês Raymond Queneau levou essa relação ao extremo em Cem Trilhões de Poemas, publicado em 1961. A obra combina versos de diferentes sonetos, permitindo mais combinações poéticas do que o número de estrelas na Via Láctea. Para Sarah Hart, essa engenhosidade provoca uma reflexão poética e provocadora: “a poesia é simplesmente a continuação da matemática por outros meios”.

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Por séculos a matemática fez parte da cultura geral e escritores a usavam naturalmente porque sabiam que seus leitores a entenderiam. 

Hoje, redescobrir as ligações entre disciplinas pode transformar a educação. A matemática deixa de ser vista pelos alunos apenas como um conjunto de fórmulas no quadro negro e passa a ser parte das histórias cheias de significado da vida cotidiana. 

O livro Once Upon a Prime mostra que existe uma “conversa duradoura entre literatura e matemática”, repleta de mistérios, desafios e beleza. O processo de aprendizagem quando fundamentado em abordagens interdisciplinares e criativas, amplia a visão do conhecimento para além da rigidez curricular, tornando-o vivo e infinitamente fascinante. 

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