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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Crianças e jovens precisam de escola

Proibir a abertura dos colégios mostra, mais uma vez, a indiferença e o desprezo do país pela educação

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
16 set 2020, 13h11
mesa com materiais escolares espalhados, como tesoura, lápis, borrancha, caderno e régua
Material escolar: Procon pesquisa preços para orientar consumidores a gastar menos nesse início de ano (DS30/Pixabay/Reprodução)
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                  Proibir a abertura das escolas públicas e privadas, enquanto o comércio e o resto da cidade abrem, mais uma vez expõe a indiferença, e mesmo o desprezo, do país pela educação.

O retorno à escola é necessário fundamentalmente para as crianças e jovens, que precisam conviver com os colegas e precisam do encontro com os professores e com a escola, que sempre trazem um outro olhar e uma escuta diferente para eles. E, depois, por causa do transtorno econômico e social que causa às famílias.

              Nesse tempo de confinamento, vieram se acumular mais problemas para a educação sobre os já existentes. Entre outros, o fato de que um número significativo de alunos está há mais de 6 meses sem nenhuma educação formal, com consequências futuras incalculáveis para o país. Essa geração marcada pela pandemia vive, ainda, o aprofundamento da desigualdade entre os que puderam continuar aprendendo on-line e os que não tiveram acesso a nada, nem à leitura de livros, que poderiam desenvolver a capacidade de pensar e expandir os horizontes.

             O afastamento tão longo da escola acentua a evasão escolar e agrava a alimentação precária, risco de abusos, de violência física, de trabalho infantil.  A escola precisa receber de volta essa geração impactada e cuidar de sua saúde, física e mental.

              Para o retorno, as escolas precisarão ser flexíveis e fazer parcerias com os diversos grupos de pais, alunos e professores, dialogando sobre o que é melhor para todos. Existem famílias que preferem manter os filhos em casa durante a pandemia, continuando com a aprendizagem virtual até o fim do ano. Para aqueles que não têm acesso a aulas virtuais, por falta do equipamento necessário, esperemos que seja recomendada, pelo menos, a leitura de um livro por semana. Ler é um instrumento poderoso para ampliar a capacidade de pensar. Os livros podem ser emprestados de alguma biblioteca da comunidade, de algum amigo ou pedindo à própria escola.

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              Os alunos que irão frequentar presencialmente a escola encontrarão o ambiente adaptado para cumprir os protocolos determinados para cuidar da saúde de todos. Aqueles que não vierem continuarão com a aprendizagem online.

             As crianças chegarão a um novo cenário escolar, e terão que seguir as medidas para prevenir os riscos de contágio: aumento da limpeza, lavagem frequente das mãos e a distância física, o cancelamento de aulas de Educação Física e cuidado para não se misturarem em áreas comuns.  Tudo é bastante incômodo, como também limitar visitantes externos, trabalhos de campo e eventos não essenciais, mas é necessário para manter a educação escolar das crianças sem mais interrupções.

           É uma oportunidade para a aprendizagem ao ar livre, o que facilita o distanciamento físico e a ventilação ajuda a reduzir a transmissão viral. Os alunos podem ser encorajados a conduzir observações ou experimentos científicos, desenhar ou escrever em diários do lado de fora. Vai ser necessário criar e inventar mudanças para permitir acesso ao ar livre. Isso pode trazer benefícios mais amplos do que simplesmente reduzir a propagação de doenças. Os efeitos positivos da aprendizagem na natureza são tão decisivos que não deveria ser necessária uma pandemia global para fazer essas mudanças.

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            Certamente não há soluções padronizadas para a volta à escola porque elas não têm infraestrutura semelhante.  As comunidades são diversas, o que implica flexibilidade e criatividade para a adequação de todos à nova maneira da escola funcionar, que será diferente de como era antes da pandemia.

            A escola não será mais a mesma, embora continue no mesmo lugar e tenha a mesma aparência. A pandemia veio transformá-la, mas os educadores já a estão reinventando, para a geração que vai viver nos próximos tempos.

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