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Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga
Educação
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Construir moral é diferente de aprender a ser obediente

Os processos de construção de conhecimentos e da moral são inseparáveis e concomitantes

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 set 2022, 19h42

A moral é construída pelo sujeito num longo processo interno, o que é muito diferente de obedecer a normas e regras por medo de punição.

A existência de normas, regras e reparações é fundamental para a convivência no grupo, mas é preciso provocar a reflexão dos sujeitos do grupo para que percebam e reparem sua ação inadequada. Existe punição, sim, mas a aplicação pura e simples de um castigo provoca apenas um reflexo burocrático, uma obediência desatenta. É preciso haver reflexão de quem agiu de maneira indevida, que deve pensar numa proposta de reparação, para que mude sua maneira de pensar e de agir.  Sem refletir, o aluno não se responsabiliza por sua ação e nem pensa, ele mesmo, em como recompor a situação que criou. O preceito moral que vem de fora, na forma de um castigo determinado por um adulto, com o objetivo de conseguir obediência, deixa o sujeito sem pensar nas consequências de seus atos e não potencializa a consciência sobre a ação praticada.

O processo de construção de conhecimentos e o processo de construção da moral são inseparáveis e concomitantes. O desenvolvimento da capacidade intelectual refina o pensamento moral. Nas salas de aula, espera-se que os alunos aperfeiçoem o raciocínio e a argumentação, que discutam sobre ideias e conceitos, com os pares e com o professor, e que considerem o próprio comportamento enquanto aprendizes. O objetivo é que construam a autonomia intelectual e moral, com opiniões singulares e responsabilidade pelas próprias ações, sempre tendo em vista o pertencimento ao grupo.

Na primeira infância as crianças não podem ser autônomas porque suas estruturas cognitivas só permitem a interpretação da realidade a partir de seu próprio ponto de vista. Para elas, as regras dos adultos são verdades absolutas, imutáveis, inquestionáveis e devem ser obedecidas para evitar castigo. Não conseguem perceber as regras como resultado de acordo ou necessidade do grupo. Isso não impede que, na escola, os alunos participem de discussões com o grupo, discussões mediadas por um adulto, que ajuda o debate, questiona soluções e chama a atenção para a escuta de cada um e de todos.

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O processo de construção da autonomia intelectual e moral atravessa toda a escolaridade. Leva tempo aprender a conviver com diferentes modos de pensar e a se responsabilizar pelas próprias ideias e ações num grupo.

A construção da autonomia vai na direção oposta ao reforço da individualidade e do egocentrismo. O sujeito é capaz de refletir e modificar-se. O sujeito autônomo obedece a leis porque concorda que são necessárias para a vida em sociedade e que têm origem em combinações e acertos que possibilitam o convívio nos grupos sociais.

A inteligência humana permite que se desenvolva a capacidade de construir princípios, que dão coesão ao grupo e dão a todos um norte para uma vida relevante e significativa.

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