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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação

Armas: por que colocar nas mãos de crianças imitações do que nos ameaça?

Se você está pensando em comprar presentes de Natal para as crianças, não escolha armas de brinquedo acreditando que são inofensivas

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Atualizado em 20 dez 2024, 18h30 - Publicado em 20 dez 2024, 18h30
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Suposto brinquedo: réplicas de peças usadas no airsoft, um esporte de tiro recreativo, devem ser vendidas em lojas especializadas e para maiores de 18 anos (Inmetro/Reprodução)
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Se você está pensando em comprar presentes de Natal para as crianças, não escolha armas de brinquedo acreditando que são inofensivas. Embora réplicas, elas carregam um significado simbólico de violência. Antigamente, a brincadeira de “mocinho e bandido”, embora simulasse o uso de armas, ainda apresentava uma narrativa moral que opunha o bem ao mal. Hoje essa linha entre certo e errado tornou-se tênue. Brincar de atirar no outro é uma representação da morte, e não uma luta pelo bem. Não desejamos que nossas crianças aprendam que matar ou ferir alguém é um acontecimento trivial.

Nas ruas, em barraquinhas e camelôs, existem armas de brinquedo à venda, incluindo a novidade das gel blasters, que disparam munição de gel. Elas são perigosas, pois imitam armas reais e podem colocar em risco a segurança das crianças. No Rio de Janeiro, existe uma lei de 1995 que proíbe a fabricação, comercialização e transporte de brinquedos que imitam armas de fogo. Recentemente, a Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) aprovou uma emenda que inclui as gel blasters nessa legislação, reconhecendo a ameaça que representam.

Para nossa sociedade, que vive em grupo, a convivência exige respeito pelos outros e pela vida dos outros. Armas, reais ou imitações, não são brinquedos. Revólveres, espingardas, facas, espadas, canivetes – mesmo em versões infantis – expressam agressão e não são adequados para crianças. Na verdade, não são adequados para ninguém, pois podem encorajar comportamentos agressivos.

Vivemos em um mundo cada vez mais conturbado, onde episódios de violência armada são quase diários nos noticiários. Por que colocar nas mãos de crianças imitações daquilo que nos ameaça? Nas periferias, jovens e crianças sofrem diretamente os impactos de conflitos armados e carregam pela vida as marcas dessa desumanidade crescente. Armas não são um tema banal; são uma questão muito séria que exige reflexão profunda e consciência da extensão dos danos que provocam.

Existem inúmeras opções de brinquedos para crianças: papel, tintas, quebra-cabeças, jogos, boliche, livros, histórias em quadrinhos, peças de montar, origami, entre outros. Vale muito a pena conversar com crianças e jovens sobre violência, ouvir seus temores e opiniões, e explicar por que não ganham armas de brinquedo. É uma oportunidade para desenvolver o pensamento crítico sobre punição, sentença, justiça, agressividade, intolerância, autoritarismo, crueldade, morte, vida e tanta coisa. Também ajuda a refletir  sobre a importância de respeitar o outro. Conheço uma família em que os netos, com espontaneidade e  orgulho, repetem o que ouviram dos pais que, por sua vez, ouviram dos avós: “Nossa família não gosta de armas. Não temos armas, nem de brinquedo. Acreditamos no poder das palavras.”

Que tenhamos um Natal tranquilo e um Ano Novo pacífico em busca de mais igualdade e fraternidade entre todos e que as novas gerações liderem a construção de um mundo harmonioso que olha o futuro com esperança.

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