Rock in Rio terá artistas de Israel e Palestina no mesmo palco
Festival terá ainda apresentação de uma orquestra composta por músicos refugiados
O slogan este ano pode ter mudado para “40 anos e para sempre”, pra comemorar as quatro décadas do maior festival de música e entretenimento do mundo, mas o antigo “por um mundo melhor” nunca fez tanto sentido. Procurando levar discussões importantes e atuais para o público, sem de deixar de focar e usando a arte e diversão como canal, o Rock in Rio anunciou duas iniciativas para a próxima edição: Uma orquestra de refugiados como atração e artistas de Israel e da Palestina se apresentando no mesmo palco.
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“Quando penso no line-up do festival eu tento muito não politizar, mas é uma oportunidade de colocar as pessoas pra pensar”, explica Zé Ricardo, Vice Presidente artístico do festival. É exatamente essa provocação que ele faz quando escala para o palco do Global Village, o espaço que celebra a World Music e estreia na edição de 2024, artistas que trazem consigo o simbolismo de questões urgentes no mundo atual.
No dia 15/09, o músico Anees que é descendente palestino, levará seu soul e a a luta pelos direitos humanos na Palestina para o festival. Em suas redes sociais, com mais de 2 milhões de seguidores postou um poema intitulado “Não me sinto seguro como um Palestino” e em entrevista recente à TRT World, empresa de rádio e TV Turca, o artista revelou que entrou na música por sentir que “era a melhor chance de causar impacto no mundo”.
No fim de semana seguinte, 19/09 será a vez da israelense Noa Kirel ocupar o mesmo espaço. A arista que se tornou conhecida através de um reality show no país é atualmente uma das cantoras mais importantes da cena pop local e já usou suas redes sociais, com quase 2 milhões de seguidores, para apoiar Israel no atual conflito.
“Estamos mostrando que dois grandes artistas de países que estão em guerra através da música podem ocupar o mesmo festival e transmitir uma ponto de esperança que com a arte a gente possa resolver conflitos”, explica Zé Ricardo.
Outro momento do Globall Village que promete chamar a atenção será a apresentação da Orquestra Mundana Refugi, convidas pelo Terra Celta. Formado por vinte e dois músicos imigrantes refugiados de países como Palestina, Irã, Guiné, Congo, Turquia, Cuba, China, Síria e Venezuela, o grupo musical sobe ao palco no dia 15/09 junto da banda brasileira de folk rock, que faz música irlandesa e celta com letras em português.
“Os refugiados são uma realidade no mundo inteiro por milhões de razões. Quando a gente vê uma catástrofe como essa no Rio Grande do Sul, por exemplo, a gente se conecta que as coisas podem estar mais próximas do que a gente possa imaginar”, ressalta o responsável pelo line-up do Rock in Rio. É mais um momento que Zé Ricardo quer usar o festival para fazer o público refletir sobre questões atuais.