Ator da série sobre Jean Charles: “Aconteceu porque era imigrante e pobre”
Fernando Mariano, que faz parte do elenco de O Caso de Jean Charles, fala como se sente sendo imigrante em Londres

Lançada recentemente pela Disney+, a minissérie O Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto por Engano, reacendeu o debate sobre o tratamento da polícia de Londres aos imigrantes. Em 22 de junho de 2025 o mineiro foi morto pela Scotland Yard ao ser confundido com um terrorista, em ação marcada por falhas operacionais e abuso de poder.
Integrante do elenco na nova produção sobre o caso, Fernando Mariano, que mora há 15 anos na cidade, converso com a VEJA RIO e de forma enfática destacou que não percebeu mudanças práticas na sociedade londrina: “Não vejo melhora concreta na forma como imigrantes são tratados. E no contexto atual, com o avanço da extrema-direita e libertação do fascismo mundialmente , é difícil acreditar que essa mudança esteja sequer a ser buscada”.
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Para o ator brasileiro a morte de Jean foi causada por um conjunto de fatores. “Ele era imigrante, mas também era um homem de classe trabalhadora, morando num bairro periférico. Se ele tivesse o mesmo passaporte, mas outro endereço, talvez se tivessem dado ao trabalho de checar quem ele era antes de agir”, comenta. Para Fernando ser imigrante é um desafio, mas somado ao marcador social pode ser ainda mais desafiador.
Ele acredita que a tragédia foi um resultado de um sistema que combina racismo, classismo, desumanização e abuso de poder em um sistema que considera algumas vidas descartáveis. “O que matou o Jean é a ideia de que a vida do outro, do diferente, do que vem de fora ou do que rompe a norma, vale menos”, finaliza.