Paris 2024: Atleta trans disputou boxe olímpico
Além de atleta trans, participação de boxeadoras que haviam sido excluídas do mundial por alto nível de testosterona gerou debate
A discussão sobre participação de atletas trans nos esportes ganhou um novo capítulo nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Apesar de eliminado hoje (31/07) nas oitavas de final, com a derrota para Li Qian (China), o filipino Hergie Bacyadan escreve um importante capítulo na luta da população trans pelo direito de competir.
Isso se deve ao fato dele ter disputado esta edição olímpica na categoria feminina, já que ainda não começou o tratamento de reposição hormonal. Apesar disso, aproveitou a visibilidade do evento para se afirmar enquanto homem trans em uma postagem nas redes sociais. “Me considero um homen trans, porque meu coração diz isso”, escreveu.
Bacyadan é um ativista pelos direitos trans em seu país e fala publicamente sobre o assunto depois de ter saído das Filipinas para conseguir casar com sua esposa. Ele compartilha com frequência nas redes sociais a sua rotina como atleta e da vida pessoal para levantar o debate.
A participação de atletas trans nos Jogos Olímpicos é um debate acalorado que recentemente sofreu revés quando o Comitê Olímpico Internacional mudou as regras sobre o tema. Agora o COI deixou para que a federação de cada esporte decida sobre o assunto, fazendo com que em algumas modalidades pessoas trans estejam atualmente proibidas em competir no gênero que se identificam.
Mas esse não foi o único assunto polêmico no boxe olímpico em Paris. Imane Khelif e Yu-Ting são duas boxeadoras participando da disputa da modalidade na capital francesa, embora tenham sido desclassificadas da Copa do Mundo de 2023 por reprovação nos testes de elegibilidade. Esses são testes feitos com atletas mulheres de ponta para detectar os níveis de testosterona, hormônio que é encontrado em maior quantidade em homens.
O COI afirmou que ambas participam dos Jogos Olímpicos Paris 2024 “em conformidade com as regras de elegibilidade da competição”. Mark Adams, porta-voz da entidade fez questão de ressaltar que elas lutaram “inúmeras vezes durante vários anos” na categoria feminina.
Mesmo assim, houve boxeadora chamando atenção para o caso. Mesmo sem enfrentar nenhuma das atletas, por estar em outra categoria de peso, a australiana Caitlin Parker comentou sobre o assunto: “Não concordo que seja permitido, especialmente em esportes de combate”. Vale ressaltar porém que tanto Khelif quanto Yu-Ting se identificam como mulheres cisgênero e estão nos últimos exames dentro do limite máximo de testosterona permitido para qualquer boxeadora.