Todos por Simba
Em tempos de bebês reborns, os cachorros são os que mais mobilizam a empatia humana

Era uma vez um cãozinho chamado Simba. Meio Caramelo, meio Caroço de Manga, ele tinha uma carinha e um focinho de levado, mas gente boa. Morava com seu tutor em Santa Cruz da Serra, de boa, feliz, até que ficou sozinho. O dono de Simba morreu. Pouco depois, ele foi para um abrigo e, que felicidade, depois foi adotado. Mas era muita mudança para a cabecinha de Simba. Ele não estava entendendo nada, não sabia onde estava nem para onde ia. Aí, logo depois da adoção, meio atormentado numa rua barulhenta de Botafogo, tão diferente da roça onde vivia, ele fugiu.
Eu acompanhei a saga de Simba no perfil do Instagram da ONG Os Indefesos. Fiquei angustiada por um lado e feliz por outro em ver tanta mobilização para encontrá-lo. E é sobre esse sentimento tão forte que surge quando se trata de um cachorro em situação de perigo que eu queria falar. Onde moro, basta aparecer um peludo perdido em uma das ruas que a vizinhança toda já começa a se falar e prontamente arma-se uma estratégia de salvamento. Vários já foram resgatados, curados e adotados. São muitas histórias felizes.
O que nos leva a nos sensibilizar tanto por esses cachorros e não ter a mesma atitude por uma pessoa em situação de rua, por exemplo? Estamos ficando com medo dos humanos? Minha resposta pessoal a essa pergunta é: custa muito pouco salvar um cão, eles precisam de quase nada, só carinho, comida e um cantinho pra dormir. Já o humano… Quase nunca é simples.
Simba foi achado depois de 20 dias de buscas por toda a zona sul carioca. Ele estava arisco, com medo e ainda bem perdidinho. Um grupo enorme ficou na cola do fujão, que era monitorado o tempo todo, até que finalmente foi achado e capturado no Parque da Catacumba. De lá seguiu para a clínica veterinária e agora está, são e salvo, em um lar temporário. Eu sonho com o dia em que não teremos nenhum cachorro sozinho pelas ruas sem cuidado. É possível!