Os tubarões e João Fernandinho
Localizada no extremo da península de Búzios, João Fernandinho é uma praia pequena de águas calmas. É charmosa, tem um serviço razoável, boa comida de praia, sossego, um visual muito bonito, tudo sem a farofa da vizinha, João Fernandes. A praia é um bom ponto de partida para o mergulho livre junto ao costão. A fauna […]
Localizada no extremo da península de Búzios, João Fernandinho é uma praia pequena de águas calmas. É charmosa, tem um serviço razoável, boa comida de praia, sossego, um visual muito bonito, tudo sem a farofa da vizinha, João Fernandes. A praia é um bom ponto de partida para o mergulho livre junto ao costão. A fauna marinha é rica, vai dos peixinhos coloridos aos tubarões touro, também conhecidos como cação-mangona. O risco de acidente com banhistas e mergulhadores é pequeno, mas me garantem que existe. Já para quem se banha na praia, junto à areia, seria remotíssimo.
Costumávamos acessá-la a nado, partindo de João Fernandes, contornando a pedra escarpada que divide as praias. Nunca vimos tubarão ou tivemos notícia deles. Mas, no começo de 2011, o Corpo de Bombeiros do Rio fez um alerta para os riscos de banho no mar em toda a península, depois que pescadores avistaram uma dúzia de tubarões próximos à costa. Cinco acabaram presos nas redes, o que preocupou a população. No mesmo ano, foi noticiado em jornais e sites que um praticante de windsurf teria sido mordido por um tubarão branco nas águas de Búzios. Os especialistas acreditam que esses perigosos habitantes dos mares se concentram na região devido ao fenômeno da ressurgência, que faz aflorar massas de águas frias das camadas mais profundas, ricas em nutrientes e responsáveis pela atração de toda uma cadeia de vida.
O acesso a nado à praia de João Fernandinho, a partir de João Fernandes, fica assim sujeito ao possível risco. Mas pode-se chegar lá com segurança pelas trilhas. Uma delas pelo meio do mato, junto ao mar, e outra por uma escadinha de madeira e pedras partindo da estrada que leva ao Mirante, no alto do morro.
A escada é íngreme, mas segura, e pode ser percorrida num instante. Ela corta a mata e substitui uma antiga trilha bastante rústica e perigosa. Quem está hospedado no centro, sem carro, deve ir de ácqua-táxi, ao custo de 8 a 12 reais por pessoa. É um passeio gostoso, rápido e permite contemplar a costa leste da península, um belo trecho de litoral.
Quem chega de carro faz melhor negócio descendo a escada a partir da estrada. No fim da escada, o vislumbre de um palmo de areia dos mais preciosos do litoral fluminense.
Além de guarda-sóis à disposição dos banhistas, há a sombra das árvores.
Árvores, aliás, não faltam em Fernandinho. Ela está cercada de um verde exuberante, que protege do sol inclemente.
No alto do morro ficam os grandes hotéis de onde saem as hordas de turistas que se esparramam pela areia de João Fernandes, mas pouco incomodam os frequentadores de Fernandinho.
Os apetrechos de pesca informam que também aqui há homens do mar.
Cadeiras confortáveis são oferecidas aos clientes dos quiosques.
O mar calmo, de marolas, se presta bem ao stand up paddle.
Água de coco, peixe assado na brasa, e lagostas, que na temporada podem ser escolhidas vivas no aquário, são vendidos a preços razoáveis.
A vista do mar tranquilo e das ilhas em frente vale o investimento de um dia das férias.
De um a dez, nota nove vírgula noventa e nove para João Fernandinho.
(Fotos: Julio Cesar Cardoso de Barros)