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Por Analice Gigliotti, Elizabeth Carneiro e Sabrina Presman
Psiquiatria
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O fim da pandemia e os novos solteiros

Números indicam que aparente controle do vírus dá coragem para as pessoas romperem relacionamentos

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 1 dez 2021, 13h11 - Publicado em 1 dez 2021, 12h54

A pandemia impôs um teste de ferro definitivo aos relacionamentos. Se quase dois anos depois há quem afirme estar com a união mais forte e consolidada, muitos outros casais não conseguiram suportar a pressão do convívio forçado em decorrência do isolamento e sucumbiram. Além das dificuldades do home office e das atribuições de casa e com os filhos, o desejo minguou. Isso é absolutamente normal, na medida em que o tesão é resultado de uma predisposição mental. Segundo a rede BBC, estudos conduzidos na Itália, Turquia, Índia e Estados Unidos apontam uma queda na frequência sexual de todas as populações, atribuída diretamente ao confinamento e isolamento social.

Talvez por isso, desde o início da vacinação em massa surgiu um novo movimento: são aquelas pessoas que se finalmente se sentem preparadas para assumir um novo estado civil. De acordo com dados do Colégio Notarial do Brasil, de janeiro a junho de 2021, foram 37.083 divórcios, um aumento de 24% em relação ao primeiro semestre do ano passado, com o início da pandemia da Covid-19. Ao longo de todo o ano de 2020, foram registrados 76.175 divórcios, um crescimento de apenas 1,5% em relação a 2019. A constatação não se limita ao Brasil: segundo o jornal The New York Times, o site de relacionamentos americano OkCupid identificou um aumento no número de usuários que estão solteiros novamente.

Um rápido giro por points tradicionais da nossa cidade confirma essa impressão: Baixo Gávea, Baixo Leblon, Lapa, as praias do Leblon e de Ipanema estão apinhadas de jovens (e nem tão jovens assim…), todos ávidos por viverem o que lhes foi sonegado nos últimos meses: solteiros e ex-casados correndo atrás do tempo perdido. Quem trabalha com entretenimento, lazer e hotelaria afirma que o verão de 2022 será um dos mais animados de todos os tempos (a conferir se a opinião se mantém a cada nova variante com nome de letra grega que a ciência revela).

Mas diante de tamanha euforia, cabe ressaltar: nem tudo são flores. Envolver-se afetivamente com alguém sempre implicará alguma dose de risco. Continuamos suscetíveis às decepções – amorosas ou não. A diferença é que agora, depois da pandemia, nossas vulnerabilidades e fragilidades tendem a estar mais à flor da pele. Ou seja: as pessoas podem ficar muito mais sensíveis à frustração quando as coisas não se realizam como elas gostariam. O melhor é se ater à constatação do poeta Chico Buarque: “amores serão sempre amáveis”. Com ou sem pandemia.

Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp; professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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