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Uma Fábula Suburbana

Vizinho é o parente mais próximo que temos

Por Manoel Carlos
Atualizado em 13 abr 2018, 11h00 - Publicado em 13 abr 2018, 11h00
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  • Não sei quando ouvi pela primeira vez a frase: “Vizinho é o parente mais próximo que temos”. O que sei é que a partir de determinado momento o seu uso ficou corriqueiro. E, para a felicidade de todos no pequeno bairro em que vivíamos, nunca tivemos atritos. Éramos duas famílias ocupando casas geminadas, naquele clima dos filmes da Sessão da Tarde.

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    Quem já morou em cidade pequena e suburbana sabe muito bem o que eu estou afirmando. O bairro acaba sendo
    o centro de todos os acontecimentos, gerador do que depois vai percorrer as ruas e praças da cidade.

    Esta pequena fábula que eu me permito contar é outro exemplo.

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    Tudo começou a mudar quando a sobrinha da dona Elvira veio morar na casa da tia. Era uma garota de 16 anos, de iluminada beleza e com o mesmo tanto de charme e malícia. No primeiro domingo como vizinha, Vânia (era o seu nome) fez uma entrada magistral na missa das 11 horas, a igreja transbordando de fiéis, curiosos e ansiosos pela sua presença. Foi um deslumbramento.

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    ­— Vai ser bonita assim…

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    — …lá em casa — completou alguém em voz baixa,
    fazendo graça.

    E aconteceu o que era de fácil previsão: os dois melhores partidos da região, o Nelsinho, filho do prefeito, e o Tavinho, filho do presidente da Câmara, foram pra cima com ímpeto. Todos queriam saber quem ela escolheria como namorado. Quem seria o felizardo? Era um jogo duplo consentido discretamente. Enquanto ela se divertia com um, o outro ficava em “banho-maria”.

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    Vânia escapava de uma resposta que definisse seus gostos, suas vontades. Gostava desse suspense que a mantinha na cabeça de todos os vizinhos. Ficou sabendo que já existia um banco de apostas. Era vaidosa, vibrava com o calor desse interesse.

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    Prova disso foi o que ela disse ao locutor de uma estação de rádio local que lhe perguntou, num tom de brincadeira:

    — Afinal, querida, quem você quer?

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    — Os dois — respondeu ela, com um sorriso encantador.

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